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Alckmin: 'racionamento será decisão técnica'

OESP, Metrópole, p. A14
26 de Fev de 2014

Alckmin: 'racionamento será decisão técnica'
Cantareira volta a bater recorde negativo; mesmo previsão de chuva forte no carnaval ainda não anima especialistas

Carla Araújo
Ricardo Brandt / CAMPINAS

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que um eventual racionamento de água na capital "é uma decisão técnica que está sendo monitorada dia a dia pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado)". Em outras oportunidades recentes, Alckmin garantia, sempre quando indagado, que não se trabalhava com corte de fornecimento. "Nós vamos decidir mais para frente", disse ontem.
O governador voltou a afirmar, porem, que a situação e localizada no Sistema Cantareira.
"Estamos frente a uma situação extremamente excepcional. E ela não e uniforme. Tem lugar que chove demais e tem lugar que chove de menos", afirmou.
Ontem, o Cantareira voltou a registrar recorde negativo: 16,9% da capacidade, menor índice desde a inauguração, em 1974. A pluviometria do dia,que mede quanto choveu sobre a região, foi de 6,2 milímetros. No mês, o acumulado é de 60,7 milímetros, ante a media histórica de fevereiro, de 202,6 milímetros de precipitação.
Alckmin reafirmou ainda que o governo já esta trabalhando para utilizar os 400 milhões de metros cúbicos do chamado "volume morto " (parcela do reservatório não disponível para o uso operacional normal). Segundo o governador, também "já esta pronto o projeto das ensacadeiras, dos canais e das bombas" para facilitar a captação. "Não que a gente pretenda utilizar agora, mas vamos deixar tudo preparado para o inverno, caso haja necessidade." E destacou o sucesso no programa de concessão de bônus por redução de consumo. "Teve um bom resultado, tivemos uma economia de 2,1 metro cúbico por segundo", afirmou.
Previsão. O cenário de redução do sistema só deve começar a ser revertido com forca neste fim de semana. Previsão da Somar Meteorologia, divulgada ontem, mostra que uma frente fria deve estacionar na Região Sudeste do Pais a partir de sexta-feira.
A previsão e de que deve chover intensamente a partir do sábado nos Estados de São Paulo, Minas e Rio. As precipitações atingira o também o sul de Minas e a região de Bragança Paulista, área de influencia para a recarga dos rios e represas que compõem o Cantareira.
Em Camanducaia (MG), área de nascente de um dos rios que abastecem o Cantareira, chovera em uma semana quase o volume todo esperado para marco. Com isso, a Sabesp espera que no próximo mês as represas comecem a encher.
No entanto, há especialistas que se mantém pessimistas e dizem que "só um diluvio" resolveria o problema de reserva de água do Cantareira para os meses de seca, que começam em abril, com a chegada dos dias mais frios.
Estudos técnicos do Consorcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) apontam que precisaria chover em dois meses cerca de 1 mil milímetros para que as represas entrem no período de inverno com 50% da capacidade. Para se ter uma ideia, em 2010, na grande cheia do sistema, quando as comportas tiveram de ser abertas pela primeira vez para que não transbordassem, choveu 1,5 mil mm em todo o ano.
"Para a elaboração desse calculo levamos em conta que 25% das chuvas infiltram ou se perdem, 75% vão encher os reservatórios e a chuva cairá em 50% da área de drenagem", explica José Cezar Saad, coordenador de projetos do Consorcio do PCJ.
Segundo boletim do grupo anticrise do Sistema Cantareira, criado por determinação dos governos federal e estadual, o volume de água que esta entrando dos rios nos reservatórios (8 mil litros por segundo) equivale a 13% da media para o período.
Pelo documento, se consideradas apenas as represas que entram na partilha da água entre a Grande São Paulo e a região de Campinas, o volume de água que pode ser usado esta em 16,6% de sua capacidade.

Para técnicos, corte já seria a 1ª opção

Do ponto de vista técnico, um racionamento deveria ser anterior ao uso do volume morto, segundo especialistas em saneamento. Isso por causa das obras e do custo da exploração da reserva adicional de 400 milhões dem3, conforme o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Alceu Bittencourt. O coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, concorda, mas destaca outro fator. "O racionamento é medida antipática e estamos em período eleitoral." / GABRIELA VIEIRA

OESP, 26/02/2014, Metrópole, p. A14

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