Jornal de Minas (Belo Horizonte - MG)
Autor: ALVES, Inês; MOURÃO, Paulo
27 de Set de 1988
Começou ontem às 9h15min da manhã, o primeiro julgamento por genocídio de povos indígenas no Brasil. Os cinco réus são acusados de assassinar três indígenas Xakriabá durante uma invasão da terra indígena, na madrugada de 12 de fevereiro de 1987. Todos os acusados, inclusive o grileiro Francisco de Assis Amaro, negaram as acusações e afirmaram que desconhecem a existência de índios na região de Itacarambi. Estiveram presentes representantes das etnias Kayapó, Ticuna, Xavante, Kamaiurá e Terena para reforçar a "unidade indígena". O julgamento deve se estender por mais dois dias.
A decisão do juiz de não classificar o crime como genocídio, mas apenas como homicídio qualificado, invasão de domicílio e lesões corporais desagradou as lideranças indígenas, a Funai, o Cimi, os advogados de acusação e o movimento indigenista no geral. Representante Ticuna, cujo povo também sofreu genocídio recentemente, protestaram ao falar à imprensa.
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