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Água no fim do cano

FSP, Editoriais, p. A2
11 de Jul de 2015

Água no fim do cano

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a descartar, em audiência no Senado, a adoção de um rodízio de água em São Paulo. Não é inédita a aposta do tucano na segurança hídrica do Estado, mas pela primeira vez seu otimismo tem alguma razão de ser.
Transcorridos dois meses de estação seca, o nível das represas que abastecem a Grande São Paulo vem se mantendo praticamente estável.
Principal reservatório da região, o sistema Cantareira começou o período com 15,4% de sua capacidade; tem 15,2%. O Guarapiranga passou de 81,7% do total para 78%, e o Alto Tietê, que iniciou maio com 22,5%, dispõe de 20,5%.
Diversos fatores contribuíram para esse saldo. Um deles é a expressiva diminuição do consumo, alcançada em parte graças à medidas de estímulo à economia de água, mas sobretudo em decorrência do racionamento por meio de redução da pressão --iniciativa, contudo, no mais das vezes adotada sem a devida transparência.
A Sabesp, embora com atraso, também tem ampliado a interligação dos diversos reservatórios. Se antes 8,8 milhões de pessoas dependiam exclusivamente do Cantareira, por exemplo, hoje esse contingente é de 5,2 milhões.
Por fim, não se pode deixar de considerar as chuvas, cuja intensidade tem superado as expectativas do início de 2015.
A mesma sensação de alívio se propaga pelo setor elétrico. Os reservatórios destinados à geração de energia nas regiões Sudeste e Centro-Oeste --os maiores do país-- têm permanecido acima de 36% neste início de julho.
Trata-se de nível menos de um ponto percentual superior ao registrado no mesmo período de 2014, mas o dado ainda assim é bastante significativo. Não só por interromper uma sequência de 18 meses de queda (na comparação com a mesma data do ano anterior) mas também porque a tendência, agora, é de estabilidade ou leve alta.
No subsistema SE/CO, os meses de estiagem, de maio a novembro, costumam trazer diminuições expressivas do volume de água nas represas. Se neste ano se verifica situação diversa é menos por causa das condições hidrológicas e mais devido à retração do consumo --provocada pela paralisia econômica e pelo tarifaço na conta de luz.
Seja como for, dá-se como afastado o risco de racionamento.
Melhor, naturalmente, que já seja possível ouvir a água no fim do cano. Mas não se pode esquecer que, nas duas crises, Geraldo Alckmin e a presidente Dilma Rousseff (PT), por razões eleitoreiras, demoraram a tomar as iniciativas necessárias para dar à população um mínimo de segurança --para nada dizer de previsibilidade-- sobre o fornecimento hídrico e energético.

FSP, 11/07/2015, Editoriais, p. A2

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/225735-agua-no-fim-do-cano.sht…

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