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Agricultura brasileira é produtiva e sustentável, defende ministro

Valor Econômico, Especial, p. A14
15 de Mar de 2019

Agricultura brasileira é produtiva e sustentável, defende ministro

Daniela Chiaretti

Em seu discurso na plenária da 4 Assembleia Ambiental das Nações Unidas (Unea), nos escritórios da ONU em Nairóbi, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu a agricultura brasileira e fez uma crítica: "O Brasil não concorda com o tom alarmante às vezes usado para criticar a produção agrícola dos países em desenvolvimento" .

Relatórios científicos divulgados na maior assembleia ambiental do gênero, com 4.700 participantes, chefes de Estado e mais de cem ministros do Meio Ambiente, fizeram referência ao que pesquisadores dizem que é preciso estimular para reduzir impactos da mudança do clima, poluição do ar, da água e dos oceanos, degradação ambiental e perda de biodiversidade.

Entre as medidas, estão a redução do desmatamento, a descarbonização das economias e a mudança de padrões de consumo e produção. O estudo sobre os impactos da extração intensiva e insustentável dos recursos naturais sugeriu, entre outras coisas, que é preciso reduzir o consumo de carne.

"A agricultura brasileira mostrou que é possível obter ganhos de produtividade em plena conformidade com os compromissos de desenvolvimento sustentável", defendeu Salles.

"Acreditamos que a promoção da agricultura sustentável é um meio eficaz de prevenir o desmatamento ilegal, ao mesmo tempo em que alivia a pobreza e produz prosperidade."

Salles falou durante a sessão de alto nível da Unea, aberta pelos presidentes do Quênia, Uhuru Kenyatta, e da França, Emmanuel Macron, entre outros.

Kenyatta mencionou o tema central do evento, a necessidade de se rever hábitos de consumo e produção. Macron lembrou que a França preside o grupo das nações mais ricas do mundo, o G-7, e que "este não deveria ser um fórum para Estados não capazes de concordar com um comunicado conjunto sobre mudança do clima", em referência implícita aos Estados Unidos na gestão de Donald Trump.

Ao falar, Salles lembrou que a matriz energética brasileira é renovável e que 33% da biomassa tem origem agrícola. Disse que, "com apenas 30% de seu território usado para produção agrícola, o Brasil é o segundo maior exportador agrícola e alimenta cerca de 20% da população do mundo". Afirmou ainda que o Brasil tem 64% do território "protegido por lei". E que isso o torna "o país com a maior área protegida do mundo".

Segundo ele, "o Brasil está particularmente honrado" de receber US$ 96 milhões do Green Climate Fund (o GCF, Fundo Verde do Clima), por reduzir com sucesso as emissões de gases estufa do desmatamento. Mencionou que elas caíram cerca de 72% nos últimos 15 anos.

De fato, a redução do desmatamento da Amazônia no período entre 2004 e 2018 é dessa ordem. A partir de 2012, contudo, a taxa de desmatamento sobe e, segundo as análises do Observatório do Clima (rede que engloba cerca de 40 ONGs que atuam com esta temática), segue com clara tendência de alta.

Salles não focou este ponto em seu discurso. A Amazônia ou o combate à mudança do clima tiveram lateralidade.

O ministro do Meio Ambiente deixou claro que sua prioridade é trabalhar na agenda ambiental urbana. Listou o combate à poluição do ar e da água, escassez hídrica, o problema do saneamento, a necessidade de ampliar o transporte sustentável e a eficiência energética, de disposição do lixo e ampliação da reciclagem, de conseguir estimular a produção e o consumo sustentáveis, evitar o desperdício de comida e aumentar as de áreas verdes.

A outra prioridade de sua gestão, segundo ele, são os oceanos, "a nova fronteira para a proteção e conservação ambiental".

Adiantou que no dia 22 o Brasil vai lançar o Plano Nacional de Combate ao Lixo Marinho como primeiro passo da "Agenda Nacional para Qualidade Ambiental Urbana".

Lembrou que as 7,7 bilhões de pessoas que vivem no mundo hoje dependem de recursos. "Usar estes recursos de forma sustentável não é uma escolha, é obrigatório", afirmou Salles.

"O mundo precisa de soluções que, simultaneamente, permitam crescimento econômico e protejam o ambiente para as gerações atuais e futuras", disse o ministro.

Valor Econômico, 15/03/2019, Especial, p. A14

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