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Agente da PF, vereador em Campo Grande diz que índios "têm que apanhar"

Carta Capital http://justificando.cartacapital.com.br/
09 de Mar de 2018

"Quando tem uma interrupção dessa, tem que chegar lá o policiamento e, se não tiver conversa, tem que descer o cacete mesmo. Têm que apanhar porque eles vão revidar e aí é a hora de apanhar", esbravejou na tribuna o vereador André Salineiro (PSDB), de Campo Grande, na terça-feira (6). Ele é bacharel em Direito e policial federal.

Salineiro se referia a uma manifestação de indígenas que acontecia na BR-163. O protesto, com mais de 120 integrantes de diversas etnias, era contra a troca da ONG que cuida da saúde indígena em algumas cidades do Mato Grosso do Sul.

No mesmo dia, após seis horas, os indígenas já tinham encerrado o bloqueio. O coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Paulo Rios, afirmou ao Midiamax que a manifestação tinha sido encerrada de maneira pacífica após uma conversa com as lideranças.

A fala desproporcional do deputado gerou reações. O deputado estadual Pedro Kemp (PT) tomou a frente: "O tempo de resolver as coisas no cacete era na época da ditadura". Até o deputado ruralista Zé Teixeira (DEM) criticou Salineiro, vereador mais votado em 2016 com a utilização do número 190.

O Conselho Municipal de Direito e Defesa dos Povos Indígenas vai protocolar uma carta de repúdio e as lideranças indígenas vão pedir um direito de resposta. O presidente da Câmara Municipal, João Rocha (PSDB), disse ao G1 que ia orientar Salineiro a se retratar. O vereador se desculpou no dia seguinte, mas defendeu o uso progressivo da força em manifestações.
Tentativa de conciliação

Ontem, Rocha e Salineiro se reuniram com os indígenas - que foram à Câmara por causa das declarações do vereador - e se comprometeram a assinar um Termo de Cooperação Técnica com o Conselho Municipal dos Direitos e Defesa dos Povos Indígenas. "Acredito que a presença do movimento aqui hoje é um ato legítimo e democrático", declarou Salineiro. "E parabenizo-os por isso. Vieram protestar onde devem".

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS) também repudiou as declarações do vereador. "Historicamente, no nosso estado há conflitos entre os indígenas e produtores. Então, esse tipo de discurso é delicado nesse tipo de situação de conflito histórico", disse Rodrigo Inoye, presidente da Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB.

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