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Agenda nacional

O Globo, Opinião, p. 6
06 de Fev de 2007

Agenda nacional

São sempre bem-vindas as iniciativas isoladas, de indivíduos ou grupos, de combate à emissão de gases do efeito estufa, à poluição e ao desmatamento. Mas, na realidade, não tanto pelo efeito concreto que possam ter como, sobretudo, pelo seu papel didático, pelo poder de manter na consciência da sociedade a importância do combate às mudanças climáticas - ou, no mínimo, da busca de meios de proteção contra seus piores efeitos.
Segundo a organização WWF, o Brasil é hoje o quinto maior emissor de gases do efeito estufa, principalmente por causa do desmatamento, que responde por 75% do total. Para inverter esta equação, passando a preservar efetivamente o meio ambiente, o poder público necessariamente deve ter um papel central. Mas, infelizmente, nos planos do governo, como se vê no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), não consta qualquer medida de proteção ambiental. É claro que a economia brasileira precisa crescer, e para isso são indispensáveis os projetos de infra-estrutura; mas as obras têm de avançar com os devidos cuidados de reciclagem e reflorestamento.
Será preciso, também, enfrentar os prejuízos à agricultura causados pelas mudanças no padrão de chuvas e pela desertificação; o que exige estudos e projeções a cargo de instituições de pesquisa como a Embrapa. A elevação do nível do ,mar em até 60 centímetros, como previsto no relatório do painel de cientistas da ONU, com seus efeitos sobre as cidades costeiras, é outro assunto de extrema gravidade que tem de entrar na agenda do país, e não apenas dos governos.
Tanto quanto se proteger, o Brasil precisa dar sua contribuição para o combate ao aquecimento global. É verdade que se os países ricos, principalmente os Estados Unidos, não fizerem a sua parte, então certamente os melhores esforços por parte do Brasil e outras nações em desenvolvimento terão resultados muito pouco significativos. Mas trocar acusações, com ou sem razão, em lugar de agir, é receita de desastre.
Os países da União Européia, por exemplo, estão fazendo a sua parte: pretendem cortar a emissão de dióxido de carbono em 20% sobre os níveis de 1990. Não podemos fazer menos.

O Globo, 06/02/2007, Opinião, p. 6

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