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Agência autoriza interligação do Paraíba do Sul com Cantareira

FSP, Cotidiano, p. C5
17 de Jan de 2015

Agência autoriza interligação do Paraíba do Sul com Cantareira
Prevista para ficar pronta em março de 2016, obra aumentará a disponibilidade de água em SP
Após resistência, Rio e Minas também aprovaram relatório que considera viável fazer a transposição

De Brasília de São Paulo

A ANA (Agência Nacional de Águas) autorizou nesta sexta (16) o início das obras de interligação da bacia do rio Paraíba do Sul com o sistema Cantareira --uma das apostas do governo paulista para atenuar a crise de abastecimento no Estado, mas com impacto apenas a partir de 2016.
O diretor-presidente da agência, Vicente Andreu, e representantes dos três Estados que compõem a bacia do Paraíba do Sul --São Paulo, Rio e Minas-- aprovaram o relatório que conclui que o projeto é viável e não põe em risco a segurança hídrica da bacia.
No ano passado, houve forte resistência principalmente do Rio, que também enfrenta uma seca e temia ter seu abastecimento comprometido.
O ponto em que será feita a transposição, porém, fica depois da represa de Paraibuna, que enfrenta a situação mais crítica no Rio (leia ao lado).
Além disso, segundo o governo paulista, só 3% da água da represa do Jaguari, que iria para o Rio, será captada.
O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Benedito Braga, afirmou que as obras devem começar no final de janeiro. Mas elas só ficarão prontas em março de 2016. O custo é estimado em R$ 830 milhões.
O governo federal e os governos locais vêm discutindo a transposição de águas entre as duas bacias desde abril.
Rio e Minas haviam reclamado da decisão de promover a transposição tomada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) sem consultá-los.
O governo do Rio chegou a enviar um ofício à ANA em que se dizia preocupado com a possibilidade de desabastecimento do Estado.
Em novembro, após as eleições, os três governadores chegaram a um consenso.

INTERLIGAÇÃO
O rio Paraíba do Sul nasce em São Paulo e atravessa Rio e Minas. A obra vai se concentrar em São Paulo e será conduzida pelo governo paulista.
O projeto é interligar, por uma rede de tubulações e bombas, as represas Jaguari, da bacia do Paraíba do Sul, e Atibainha, no sistema Cantareira. A ligação deverá permitir que a água consiga ir nos dois sentidos, dependendo de qual dos reservatórios precise de mais líquido.
A proposta é que ele possibilite a captação de 5,1 m³/s. Para se ter uma ideia, a atual seca fez com que o Cantareira, que enfrenta a maior crise de sua história, tivesse sua captação reduzida de 33 m³/s para 17 m³/s.

Nível do principal reservatório do Rio chega perto de zero

Lucas Vettorazzo do Rio

O nível do reservatório de Paraibuna, o principal do sistema que abastece o Estado do Rio, está próximo de chegar ao volume morto e especialistas já defendem um plano para evitar um racionamento.
Nesta quinta (15), tinha 0,3% de sua capacidade.
O reservatório, que faz parte de hidrelétrica da Cesp (companhia energética de SP), fica no Vale do Paraíba e é o coração do sistema que abastece o Rio.
Integra o grupo de quatro reservatórios, todos eles em níveis baixos, do rio Paraíba do Sul, mas num ponto diferente de onde haverá a transposição para o Cantareira.
A água do Paraíba do Sul chega ao rio Guandu, principal manancial da região metropolitana do Rio.
Jorge Briard, presidente da Cedae, a empresa de água do Rio, nega que haja a necessidade de racionamento agora. A companhia já trabalha com uma tarifa diferenciada para quem consome menos e iniciou uma campanha para uso consciente da água.
Ele disse, contudo, que se houver "período ainda mais longo de estiagem, é provável que o volume morto precise ser usado", mas ressaltou que isso depende de autorização da Agência Nacional de Águas, já que o rio é federal.
Cinco especialistas ouvidos pela Folha defendem a adoção de medidas semelhantes às tomadas por São Paulo, como a que premia quem consome menos e penaliza, por meio de aumento na conta, quem consome mais.
O Paraibuna tem um volume morto de 425 bilhões de litros, suficiente, segundo especialistas, para manter o abastecimento do Estado por mais seis meses.
O consultor Celso Ávila diz que usá-lo seria adiar um problema, já que o reservatório demoraria ainda mais para se recuperar.
Para Gunther Danquilaia, do comitê do Médio Paraíba, se a situação de chuvas não melhorar e o consumo não cair, o racionamento terá de ser adotado em junho.

Chuva deverá continuar abaixo da média

Júlia Borba de Brasília

O regime de chuvas deve permanecer inalterado ao longo das próximas duas semanas no Sudeste e no Centro-Oeste. Para São Paulo, isso significa chuvas abaixo da média, mas com possibilidade de temporais na capital.
A informação é do grupo de Previsão Climática Sazonal do Ministério de Ciência e Tecnologia --que inclui representantes do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
O grupo deveria apontar o cenário para os próximos três meses. Mas, por dificuldades de precisar as futuras mudanças climáticas nas duas regiões, as previsões cobrem um período de apenas 15 dias.
Segundo Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da pasta, para fevereiro, março e abril, as pesquisas apresentam igual probabilidade de as chuvas ficarem acima ou abaixo da média dos últimos 30 anos.
Até agora, 2015 tem média de chuva nessas regiões acima do registrado em igual período de 2014. Enquanto as chuvas recentes atingem 65% da média histórica, em 2014 o número não superou 50%.
Já as tempestades que atingem a cidade de São Paulo são explicadas pela "ilha de ar quente" que se forma sobre a cidade.

Alckmin fala em usar 3o volume morto do Cantareira

De São Paulo

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), citou pela primeira vez a possibilidade de utilizar a terceira cota do volume morto --água que fica abaixo das tubulações de captação-- do sistema Cantareira.
A declaração reforça a possibilidade que já havia sido considerada pelo novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, nesta semana.
Durante a campanha em que foi reeleito, Alckmin declarou que não tinha intenção de usar nem mesmo a segunda cota da reserva, que hoje está quase no fim, com o Cantareira a 6,5% de sua capacidade.
O governador anunciou ainda obras que aumentarão a capacidade do sistema Alto Tietê e o aumento de captação do Guarapiranga para socorrer ainda mais o Cantareira.

FSP, 17/01/2015, Cotidiano, p. C5

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/204371-agencia-autoriza-inte…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/204374-nivel-do-principal-re…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/204373-chuva-devera-continua…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/204375-alckmin-fala-em-usar-…

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