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AES negociará créditos de carbono

GM, Saneamento & Meio Ambiente, p. A10
18 de Jun de 2004

AES negociará créditos de carbono

Empresa do grupo vai promover atividades econômicas sustentáveis no vale do rio Tietê. A AES Tietê, empresa do Grupo AES, vai fomentar um programa de reflorestamento que deverá cobrir 5 mil quilômetros de margens dos reservatórios das barragens, no vale do rio Tietê, na região central de São Paulo. O objetivo é promover atividades econômicas sustentáveis nos municípios localizados na área de influência do rio e também elaborar, a partir do seqüestro de gás carbônico, um projeto para comercialização de certificados de emissão reduzida, ou créditos de carbono.

O projeto, que abrange as margens de cinco represas - Barra Bonita, Promissão, Nova Avanhandava, Barueri e Ibitinga - foi apresentado ontem, durante o Fórum Regional de Prefeitos e Líderes Políticos e Empresariais, em Bariri (SP). O evento foi promovido pelo Consórcio Intermunicipal Tietê-Paraná, que reúne 68 cidades da área de influência dos rios Tietê e Paraná.

A AES Tietê pretende estimular parcerias com os proprietários de terras localizadas nas margens dos reservatórios, os chamados lindeiros. A empresa, que é responsável pelo reflorestamento de cerca de 30 metros a partir da margem, quer a ajuda dos lindeiros para chegar aos 100 metros de mata ciliar a partir da margem, que caracterizam legalmente a área de proteção permanente no entorno das barragens. A AES vai fornecer o seu know-how em reflorestamento, pois investe anualmente R$ 3 milhões em plantio de espécies nativas. As mudas serão fornecidas pelo viveiro da empresa, localizado no município de Promissão (SP), com capacidade para produzir 1 milhão de mudas ao ano.

"Estamos em fase de implementação do projeto, reunindo todos os interessados no desenvolvimento da região, como prefeituras e iniciativa privada. O próximo passo será formalizar os contratos de parceria, até para dividir os custos", afirma Eduardo José Bernini, presidente da AES Tietê. O projeto está orçado, em uma estimativa preliminar, em R$ 15 milhões, com prazo de execução de cinco anos.

Apelo turístico

"Além de assegurar a preservação de 5 mil quilômetros de matas, o projeto representa a possibilidade fomentar novos negócios e parcerias", diz Bernini. Segundo ele, o ecoturismo, o transporte de cargas pela hidrovia Tietê-Paraná, a piscicultura e o manejo sustentável da biodiversidade podem ser melhor explorados e trazer dividendos para a região. "O interior de São Paulo tem imenso potencial turístico, mas não descobriu ainda essa vocação. Falta identidade e a associação a uma imagem de pólo turístico. Com cuidados ambientais, a região terá esse appeal".

O reflorestamento possibilitará ainda um uso mais intensivo da hidrovia Tietê-Paraná, que possui 1.500 quilômetros navegáveis e em 2003 transportou 5,6 milhões de toneladas de carga. A proteção às margens permitirá ainda controle sobre o assoreamento nos canais da hidrovia, o que diminuirá os custos operacionais.

A AES Tietê pretende em breve qualificar seu projeto de reflorestamento ciliar junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Uma vez implantadas as parcerias, a "lição de casa", nas palavras de Bernini, será a futura negociação de créditos de carbono provenientes das áreas reflorestadas. "Os 5 mil quilômetros reflorestados têm capacidade para seqüestrar 600 mil toneladas de carbono equivalentes por ano", diz.

GM, 18-20/06/2004, Saneamento & Meio Ambiente, p. A10

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