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Aeronáutica nega ter repassado dados do Sivam

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: TÂNIA MONTEIRO
24 de Jul de 2002

Brigadeiro admite, porém, que americanos tentam 'sistematicamente' obter informações do sistema

O chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, brigadeiro Marco Antônio de Oliveira, disse ontem que os norte-americanos, sistematicamente, têm tentado obter dados disponíveis no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Garantiu, no entanto, que em hipótese alguma, qualquer tipo de informação de interesse brasileiro será repassada a quem quer que seja.

"O Sivam hoje é uma realidade e incomoda não só o narcotráfico, mas muita gente, e vai continuar incomodando", desabafou o brigadeiro, responsável pela condução do processo de licitação do sistema de vigilância, a ser inaugurado amanhã pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em Manaus.

O brigadeiro Oliveira reconhece, no entanto, que o sistema tem vulnerabilidades. Ele lembra que os satélites brasileiros usados inclusive em comunicações militares estão nas mãos da Embratel, que foi privatizada e hoje pertence à WorldCom, empresa de telefonia norte-americana que pediu concordata no fim de semana.

"A vulnerabilidade do Sivam é a mesma que existe em todo o sistema de comunicações por satélites brasileiro", comentou o brigadeiro, que entende que o problema precisa ser equacionado para evitar que o sistema do País seja passível de algum tipo de intromissão. Ele garante que o Sivam tem proteções para dificultar acesso por parte de terceiros.

"Nunca negociei dados do Sivam com ninguém e nunca faria isso", reagiu o brigadeiro, que considerou "graves" as acusações de que ele teria acertado que, se a Raytheon fosse a vencedora da concorrência, os norte-americanos teriam acesso a informações do sistema de vigilância da Amazônia.

"Este é um projeto de Estado, que interessa aos brasileiros, e jamais a defesa do País seria colocada em segundo plano por qualquer razão ou interesse", prosseguiu, ao ser questionado sobre denúncias de que teria beneficiado a Raytheon. Segundo o chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, a única cooperação oferecida pelo Brasil, no caso do Sivam, foi aos países fronteiriços, amazônicos, porque também interessa ao País. "Mas essa cooperação não seria oferecida a nenhum outro país e jamais faríamos isso para os EUA."

Dossiê - O brigadeiro disse que vai publicar um dossiê Sivam, daqui a "talvez 15 anos". Nele, apresentará relatórios e discussões ocorridas durante o processo de licitação, com as dificuldades e conversas mantidas com autoridades dos governos envolvidos. Ele destacou um fato que considera pouco noticiado, que é o efeito multiplicador, proporcionado pelo Sivam, em questões de tecnologia. O avião R-99, desenvolvido pela Embraer para ser usado na vigilância da Amazônia, já foi vendido para a Grécia e o México.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil informou ontem que "a proposta da Raytheon venceu a concorrência do Sivam de maneira transparente" e que "as alegações sobre o processo já foram totalmente investigadas pela CPI no Congresso". A embaixadora Donna Hrinak participará amanhã, a convite do presidente, da inauguração do Sivam.

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