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Acusados de matar o índio Aldo Mota podem ter prisão decretada em breve

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: Cyneida Correia
03 de Nov de 2003

O juiz Helder Girão Barreto da 1a Vara Federal, mandou publicar edital de intimação em todos os jornais da cidade, em busca Elizel Samuel Martin e Robson Belo Gomes, indiciados pela Polícia Federal pela morte do índio Aldo da Silva Mota.

Os dois braçais ainda não são considerados foragidos, mas se não responderem ao edital de intimação, a Justiça pode expedir mandado de prisão contra eles a qualquer momento. Elizel e Robson eram empregados do vereador Francisco das Chagas, dono da Fazenda Retiro, a época do crime.

Eles foram intimados para prestar depoimento a Justiça no último dia 14 de outubro, mas não compareceram as audiências por não terem sido encontrados para receber a intimação. Os mandados foram enviados ao Uiramutã, e devolvidos a Justiça, pois os oficiais não encontraram os dois suspeitos na fazenda onde eles deveriam estar trabalhando.

Indiciados
O crime ocorre em janeiro de 2003 e o inquérito sobre a morte do índio macuxi, foi concluído pela Polícia Federal em junho. Logo depois a Justiça marcou interrogatório de testemunhas e de acusados.

No inquérito não existiam dúvidas sobre a responsabilidade dos dois vaqueiros na morte do índio e a Polícia Federal acrescentou provas da materialidade do crime. No inquérito também foi concluído que o proprietário da Fazenda Retiro, Francisco das Chagas, não teve nenhuma participação na morte de Aldo Mota.

Os dois funcionários ficaram em liberdade depois que o pedido de prisão preventiva foi negado pela Justiça Federal. Os dois tinham residência fixa e compareciam a todas as instruções criminais.

Nos últimos cinco meses, o Promotor Público Federal, Rômulo Moreira Conrado, que está acompanhando o caso, pediu vistas ao processo e apresentou parecer favorável ao indiciamento dos empregados.

A Justiça Federal também solicitou a ficha de antecedentes criminais e informações sobre a prisão dos suspeitos. Elisel e Robson Gomes chegaram a ser detidos pela Polícia Federal a época do crime, mas foram liberados.

O caso da morte do índio Aldo da Silva Mota vai a Júri Popular assim que o processo for concluído. O Conselho Indígena de Roraima vai atuar no caso como assistente de acusação.

O crime
A confusão começou quando um garrote da comunidade indígena desapareceu e Aldo Mota foi procurá-lo na fazenda de propriedade do vereador Francisco das Chagas Oliveira (Chico Tripa), não retornando mais a comunidade.
Revoltados os índios resolveram procurá-lo e cercaram o local, impedindo o acesso de trabalhadores e a entrada de policiais na área. O corpo do indígena Aldo da Silva Mota foi encontrado cerca de 1.500 metros da área da fazenda Retiro, município de Uiramutã.

O cadáver foi encontrado por dois jovens indígenas que perceberam a movimentação dos urubus nas proximidades da casa sede da fazenda. Eles resolverem averiguar e acharam o cadáver enterrado numa cova rasa. Aldo Mota havia levado um tiro no peito.

IML
Na época, o Instituto Médico Legal - IML de Boa Vista, atestou a morte por causa "natural e indeterminada" e um segundo laudo da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Roraima indicou que a "causa da morte era indeterminada e que não havia hemorragias difusas ou localizadas no tórax". O Ministério Público Federal solicitou então um laudo independente no IML de Brasília.

Peritos do Laboratório Antropologia Forense do IML da capital federal, após visita ao local do crime e análise minuciosa do cadáver, atestaram a execução de Aldo por "traumatismo torácico transfixante causado por projétil de arma de fogo, enquanto o indígena estava com os dois braços levantados".

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