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Acreano preside Organizações Indígenas da Bacia Amazônica

A Tribuna -Rio Branco-AC
24 de Abr de 2002

O acreano Sebastião Manchineri, primeiro brasileiro a coordenar as Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), esteve esta semana em Rio Branco para divulgar o que a entidade tem feito em benefício do movimento indígena no Estado e no sul do Amazonas. Sebastião preside a organização desde junho do ano passado, e já passou por cargos de destaque, como administrador substituto da Funai e membro da UNI.

Atualmente ele mora em Quito, no Equador. As organizações indígenas como a Coica, a UNI e a Coiab se confundem no que tange aos seus objetivos, pois sempre trabalham juntas na elaboração e implementação de políticas sociais que visam à integração dos povos indígenas.

Questões ambientais relacionadas a auto-sustentabilidade das aldeias e temas controvertidos como a demarcação de terras indígenas estão entre as principais conquistas das instituições, que já conseguiram a regularização de 44 terras indígenas, onde estão instaladas aproximadamente 185 aldeias com mais de 14 mil índios.

No que diz respeito ao desenvolvimento sustentável, a UNI desenvolveu um projeto de piscicultura em parceria com a prefeitura de Tarauacá e o Ministério do Meio Ambiente, que possibilitou a compra de 6 mil alevinos e 6,5 toneladas de ração, visando à alimentação de centenas de índios que habitam várias partes daquele município.

Outra preocupação fundamental das organizações é com a saúde dos índios, já que, segundo a UNI, somente estando com saúde o indígena poderá se engajar na luta pela terra e, posteriormente, à produção agrícola. Um convênio firmado com a Funasa proporcionou uma redução considerável no número de mortes por diarréias, desidratação e infecções respiratórias, principalmente entre as crianças das aldeias.

PLANO COLÔMBIA Em discurso feito na cidade de São Paulo, no dia 18 de abril, onde recebeu o título de "Cidadão Paulistano", Sebastião Manchineri ressaltou que a Coica tem denunciado a prática de crimes contra a humanidade, lembrando que, a exemplo do povo Ashaninka do Peru, em que a violência os reduziu drasticamente, o massacre dos Ticuna no Amazonas e a invasão aos territórios Yanomami são atos explícitos de violação dos direitos humanos.

A Coica também é contra o Plano Colômbia, articulado pelos EUA para combater o narcotráfico naquele país. "O Plano Colômbia não é um plano de combate às drogas, mas sim uma intervenção na Amazônia, que afeta especialmente os departamentos de Putumayo e Caquetá, atingindo diretamente nossos territórios, suas conseqüências são nefastas", acredita Manchineri, também conhecido como Sabá.

Buscando manter sua política de afirmação dos valores indígenas, a Coica adotou um programa de trabalho denominado Agenda Indígena Amazônica - AIA, que consiste num plano de ação que envolve temas como desenvolvimento sustentável, direitos humanos, políticos, sociais e econômicos; recursos naturais, biodiversidade, conhecimentos ancestrais etc. Em agosto, a entidade participa, na cidade de Johanesburgo - África do Sul - da conferência mundial sobre desenvolvimento sustentável.

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