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Acre vacinou menos de 60% dos indígenas que vivem em aldeias contra Covid

G1 AC - g1.globo.com/ac
Autor: Por Irya Rodrigues G1 AC
16 de Abr de 2021

https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2021/04/16/acre-vacinou-menos-de-6…

Vacinação dos indígenas aldeados começou dia 20 de janeiro no Acre e até agora pouco mais de 6,7 mil receberam a primeira dose e 4,4 mil a 2ª dose, do total de mais de 12,3 mil. Segundo Comissão Pró-Índio, mais de 2,5 mil indígenas foram infectados pelo novo coronavírus no Acre e 30 morreram por conta da doença.

Após menos de três meses desde o início da vacinação, o Acre imunizou cerca de 54,5% dos indígenas que vivem em aldeias contra a Covid-19. Segundo dados repassados ao G1 pelos Distritos Sanitários Especiais do Alto Rio Purus e Alto Juruá, pouco mais de 6,7 mil receberam a primeira dose e 4,4 mil a 2ª dose, do total de mais de 12,3 mil.

Entre os motivos para esse percentual de imunização está a questão da logística para que as equipes de saúde cheguem até as localidades, que são de difícil acesso e a maioria com acesso somente fluvial. Em alguns casos, as equipes chegam a ficar oito dias viajando para chegar.

Outra situação é que em alguns casos foi encontrado resistência por parte dos indígenas para receber o imunizante, mas, após todo um trabalho de conversa e explicações, eles têm aceitado. Essas situações são mais comuns em comunidades mais próximas da cidade, onde chegaram informações desencontradas a respeito da vacinação.

Doses recebidas

Segundo os dados divulgados pelo governo do estado, do total de 40.760 vacinas recebidas no primeiro lote no Acre, no dia 19 de janeiro, 24.834 unidades foram destinadas aos mais de 12,4 mil índios aldeados com idade acima de 18 anos, para primeira e segunda dose.

A cidade que recebeu o maior número de doses para imunizar indígenas foi Feijó, com um total de 4.856 unidades, referente à primeira e segunda dose da vacina para mais de 2,4 mil indígenas. Em seguida, vem a cidade de Tarauacá que deve imunizar mais de 2,2 mil índios aldeados.

Já as cidades de Brasileia, Bujari, Capixaba, Epitaciolândia, Rio Branco, Senador Guiomard, Xapuri e Porto Acre não receberam nenhuma dose destinada aos indígenas.

Em entrevista à Rede Amazônica Acre na segunda-feira (12), a coordenadora do PNI, Renata Quiles, informou que as doses de vacina que estão em estoque no estado são somente as que são direcionadas aos indígenas.

"Em primeiro lugar, o estado, a central estadual da rede de frios, não possui estoque de vacina. O único estoque que temos aqui são as doses dos indígenas, que não foram autorizadas para empréstimo, existe um estoque de segunda dose aguardando para ser disponibilizado para os municípios no tempo correto. Não é essa situação, todas as segundas doses que recebemos estão de posse dos municípios. Nem sempre o número representa a realidade", afirmou.

Dados Dsei Alto Juruá

Os dados do Dsei Alto Juruá apontam que do total de 9.596 indígenas aldeados que vivem na região, 4.817 foram imunizados com a primeira dose da vacina até o último dia 12, que representa 50,20% de cobertura. Além disso, 3.071 receberam a segunda dose do imunizante.

"Nós começamos a vacinação no dia 25 de janeiro. Todos os dias temos realizado esse trabalho, que é contínuo. Não existe essa história de estoque de vacinas parado, temos trabalhado todos os dias, respeitando as especificidades da população indígena. Tivemos enchente, período de contaminação, período de uma gripe muito forte, então o tempo todo temos mudado as estratégias de atendimento. Temos realizado atendimento aéreo, fluvial, terrestre, uma equipe sai e a outra entra logo em seguida. Temos dado nosso melhor para imunizar a população", disse a coordenadora, Iglê Monte.

A região tem 162 aldeias de 14 etnias, com uma população de 18,2 mil indígenas em oito municípios. "O Dsei do Juruá possui 98% do território fluvial, temos lugar que chegamos com oito dias de viagem. No início tivemos bastante insegurança por parte dos indígenas. Tudo muito novo, é uma doença nova, então é normal. As populações mais próximas da cidade foram as que tiveram mais insegurança e resistência, porque tiveram acesso a informações erradas. Mas, estamos preparados para esse trabalho. Estamos muito felizes porque nossa previsão é que concluamos a vacinação no dia 8 de maio, se tudo der certo."

No município de Jordão, do total de 1.739 indígenas que devem ser imunizados, 836 receberam a primeira dose, o que representa 48% e 362 receberam a segunda dose. Já com relação aos profissionais de saúde indígena da região, todos os 24 já foram imunizados.

Em Cruzeiro do Sul, dos 343 indígenas aldeados 114 receberam a primeira dose e 55 a segunda dose e 89 dos 111 profissionais também receberam a primeira dose e 21 a segunda até o dia 25.

Na cidade de Feijó, do total de 2.425 índios que devem ser imunizados, 1.038 receberam a primeira dose e 670 receberam a segunda dose. Além deles, 38 dos 58 profissionais de saúde também foram imunizados com a primeira dose e 32 com a segunda.

Em Mâncio Lima, a cobertura está em pouco mais de 64,6% dos indígenas aldeados. Do total de 1.147 que devem receber a vacina, 965 foram imunizados com a primeira dose e 741 a segunda. Já os profissionais da saúde da região, 44 dos 68 também foram imunizados com a primeira e segunda dose.

Na cidade de Marechal Thaumaturgo, 702 dos 1.352 indígenas foram vacinados com a primeira dose e 478 com a segunda dose. Com relação aos profissionais, 26 dos 29 foram imunizados com a primeira dose e 18 com a segunda.

O município de Porto Walter deve imunizar um total de 269 indígenas aldeados e até o dia 12, 229 foram imunizados com a primeira dose e 172 com a segunda dose. Doze dos 18 profissionais receberam a primeira e segunda dose da vacina.

Já Rodrigues Alves, do total de 115 indígenas que devem receber a vacina, 83 foram imunizados com a primeira dose e 76 com a segunda e dos seis profissionais, cinco receberam a primeira dose e três a segunda. Por fim, em Tarauacá, dos 2.206 índios aldeados, 850 foram imunizados com a primeira dose e 517 com a segunda e dos 41 profissionais, 34 receberam a primeira dose da vacina e 30 a segunda.

Regional Alto Rio Purus

Conforme os dados do Dsei Alto Rio Purus, atualizados até esta sexta-feira (16), a regional imunizou ao todo 1.934 indígenas aldeados no Acre com a primeira dose e outros 1.316 com a segunda dose.

Assis Brasil deve imunizar uma população de 808 índios e até esta sexta vacinou 574 com a primeira dose e 453 com a segunda dose. Na cidade, outros 22 profissionais que trabalham nas aldeias também devem ser imunizados e todos receberam a primeira dose e 18 a segunda dose.

A cidade de Manoel Urbano deve vacinar 387 indígenas aldeados e desses 295 receberam a primeira dose e 188 a segunda dose do imunizante. Além deles, dos 13 profissionais que atuam na localidade, 12 foram vacinados com a primeira dose e 11 com a segunda.

Em Santa Rosa do Purus a meta é imunizar 1.420 índios que vivem nas aldeias e que têm idade acima de 18 anos. Segundo os dados, desses 949 receberam a primeira dose e 600 a segunda dose até essa quinta. Com relação aos profissionais que trabalham na região, todos os 25 receberam a primeira dose da vacina e 22 a segunda.

Na cidade de Sena Madureira, dos 173 indígenas aldeados com mais de 18 anos, 116 receberam a primeira dose da vacina e 75 receberam a segunda. Dos 19 profissionais que trabalham na região, 18 receberam a primeira e segunda dose.

"Essas ações vão continuar sendo feitas, não só de conscientização, mas ações de busca ativa dos indígenas que encontram-se nos municípios e estão cadastrados dentro das aldeias para tomar vacina. É um trabalho de muita paciência, muita conversa, mas o distrito tem trabalhado para atingir sua meta, que é imunizar 100% da população indígena que mora na aldeia acima de 18 anos. Nos próximos dias também começamos a campanha da Influenza, que os grupos das aldeias também são prioritários", afirmou a coordenadora do Dsei Alto Rio Purus, Carla Mioto.

Casos de Covid-19 entre indígenas

Os casos confirmados do novo coronavírus entre os indígenas do Acre chegaram a 2.569. O número corresponde a levantamento feito até esta sexta (16), pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC). Os dados são divulgados semanalmente.

Ao todo, no estado são 14 povos atingidos com casos de Covid-19. De acordo com os dados, 30 indígenas morreram vítimas da doença. Dos casos registados de contaminação, 1.311 são de índios que vivem em terras indígenas e outros 1.258 entre indígenas que vivem nos municípios.

O boletim que é divulgado pela CPI-AC e Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (Amaaiac), Organização dos Professores Indígenas do Acre, com informações das lideranças e organizações indígenas, Dseis Juruá e Purus e Sesacre.

O documento aponta que entre os povos atingidos estão: Puyanawa; Jaminawa; Jaminawa Arara; Manxineru; Huni Kui (Kaxinawa); Madijá (Kulina); Shawãdawa (Arara); Shanenawa; Yawanawa; Nikini; Nawa; Noke Ko í (Katukina); Apolima Arara e Ashaninka.

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