VOLTAR

Acre, de cara nova, comemora cem anos de sua anexação ao Brasil

O Globo, O País, p. 17
16 de Nov de 2003

Acre, de cara nova, comemora cem anos de sua anexação ao Brasil
Violência diminui no estado que já foi marcado pela ação do crime organizado

Por décadas conhecido como um lugar onde conflitos se resolviam a bala, o Acre comemora amanhã os cem anos de sua anexação ao Brasil com a marca do esforço que até hoje faz para se livrar da pecha de terra de ninguém. No estado, onde há 15 anos começavam a surgir ações do crime organizado e os responsáveis pelas chacinas dificilmente eram descobertos, o centenário chega com quadrilhas desbaratadas e um indicador invejado no resto do país: as delegacias não têm presos amontoados e os 1.800 detentos estão em presídios ou cadeias.
- Valeu o esforço de combater o crime organizado. Antes, os crimes aconteciam e muitos ficavam sem esclarecimento. Agora, pelo menos 90% têm autor apontado - diz o governador Jorge Viana.
Historicamente, o estado esteve sempre sob o comando de oligarquias. Em paralelo, foi se tornando terreno fértil para a disseminação do crime organizado, que tem como emblema o ex-deputado Hildebrando Pascoal, hoje preso em Rio Branco sob a acusação de comandar um esquadrão da morte que chegava ao ponto de serrar suas vítimas.
A redenção começou a surgir na década de 70, pelas mãos de movimentos populares aliados à Igreja Católica. A ordem era começar a reagir aos desmandos, que já refletiam no mapa do estado sob a forma de clarões na floresta amazônica, provocados pela tolerância à exploração desordenada do solo, com o aval inclusive da União.
- Não podíamos continuar reféns de bandidos - diz o arcebispo de Porto Velho, dom Moacir Grech, que de 1972 a 1978, como bispo de Rio Branco, foi um dos pivôs da reação.
Aos poucos os resultados foram surgindo, embora muitos que brigaram contra os desmandos tenham sido mortos. Como o líder sindical Chico Mendes, assassinato em dezembro de 1988 por causa de sua resistência às ocupações irregulares do solo.

O Globo, 16/11/2003, O País, p.17

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.