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Academia dos Saberes Indígenas promove resgates culturais

Rede Globob - http://redeglobo.globo.com/
12 de Out de 2013

Instituição tem o objetivo de preservar costumes dos povos do Mato Grosso

A identidade de um povo está intimamente ligada à sua cultura. No caso das comunidades indígenas, a grande influência do restante da sociedade brasileira traz benefícios, mas também coloca em risco a manutenção de costumes tradicionais. No Mato Grosso, uma instituição trabalha justamente para fortalecer as práticas destes povos sem, no entanto, renegar o que vem de fora.

A Academia dos Saberes Indígenas, em Cuiabá, é um espaço destinado à formação de agentes culturais indígenas e ao resgate da memória das comunidades. A organização foi criada em 2010, fruto de uma ideia do historiador Paulo Pitalunga, então secretário de cultura do município. "A sugestão foi criar uma academia de Letras, mas o escritor Daniel Munduruku e eu achamos melhor ser uma instituição dos saberes em geral, por ser mais democrático e não termos muitos acadêmicos", conta o atual presidente, Márcio Paromeriri.

Segundo o indígena, a Academia tenta fortalecer a identidade das etnias. "Víamos que vários grupos estavam perdendo a vontade de preservar a própria cultura, estavam ficando desanimados", diz Márcio, da etnia Bororo. "Hoje, você tem o mundo dentro de uma comunidade, com internet, televisão etc.; são coisas boas, mas os mais jovens muitas vezes ficam apenas nisso, e acabam esquecendo suas origens", completa.

Por isso, o trabalho de resgate é fundamental. A Academia realiza uma triagem junto às comunidades para selecionar os indígenas que se interessam ou que possuem talento natural para atuarem como agentes culturais. Os escolhidos recebem uma formação específica, voltada para as necessidades de seu povo.

"No caso dos Mutina, por exemplo, realizamos um trabalho para recuperar a língua e os cânticos", relata Márcio. Segundo ele, os idiomas nativos sofrem, em parte, pela necessidade que muitos indígenas hoje têm de falar português para questões práticas. Outro exemplo do trabalho da Academia é o feito junto à etnia Bakairí. Para esse povo, foi elaborada uma cartilha com as pinturas corporais tradicionais.

De acordo com Márcio, o trabalho, apesar de iniciado há apenas 3 anos, já surte efeitos visíveis. "Alguns povos estão conseguindo resgatar o orgulho de suas tradições e, especialmente, o contato com a natureza", ressalta. Além de formação dos agentes culturais e da organização de eventos, a Academia também está sendo organizando um banco de dados com fotos, vídeos e documentos relacionados a comunidades indígenas.

Para Márcio, que atua como pajé em sua comunidade, a valorização das tradições indígenas não implica a rejeição aos saberes externos. "Cultura valoriza cultura, entendo que jamais vou perder meus conhecimentos e minha identidade ao ter contato com outras visões de mundo; isso não afeta em nada meu relacionamento com minha origem", destaca.

Por enquanto, as ações da Academia estão restritas às etnias de Mato Grosso, mas Márcio conta que já está em contato com líderes de outras regiões para ampliar a atuação. A sede provisória da instituição funciona no Museu de Pré-história Casa Dom Aquino: Av. Beira Rio, 2 - Dom Aquino, Cuiabá. Telefone: (65) 3613-9290.

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