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27 de Abr de 2023
Abertura da Semana Fashion Revolution UVA debate design sustentável e tecnologia têxtil
A Agência UVA entrevistou Lucilia Ramos, que ministrou a primeira palestra do evento.
por camilatexeira
27 de abril de 2023
A Semana Fashion Revolution UVA começou nessa quarta, 26, no campus Barra da Universidade Veiga de Almeida. O projeto foi criado com o objetivo de chamar atenção para as relações de trabalho, humanas e ambientais no mundo da moda. Assim, a abertura do evento - transmitida ao vivo pelo Instagram do Comitê Estudantil - trouxe o tema "Designs Sustentáveis e Tecidos Vivos", apresentado pela professora de Design de Moda e mestre em Ciências do Meio Ambiente Lucilia Ramos, que, após a palestra, concedeu uma entrevista exclusiva para a Agência UVA sobre o debate com os alunos, o uso de bactérias para estampar e tingir tecidos e o descarte de materiais têxteis.
Aliás, a interação entre moda e meio ambiente permeou toda a aula. A professora ressaltou o fato de que nem sempre é possível ser sustentável, mas a geração de qualquer produto, gera lixo, e, por essa razão, é necessário se atentar aos métodos de descarte, desde a produção até o consumo. Porém, de acordo com ela, "a ganância é maior que o desejo de um futuro melhor", ou seja, o foco no lucro prevalece sobre a preocupação ambiental; Lucilia, ainda, afirma que a relação Natureza X Homem só se estabilizará quando esses dois elementos coexistirem e harmonia, como partes de um todo.
Além disso, a palestra tratou de conceitos como biomimética - quando o homem observa a natureza e seus mecanismos para criar produtos que otimizem seu cotidiano - e biodesign - denominação mais atual para o uso de organismos "vivos" nas produções - a exemplo desse último, está a confecção de cestos do povo Yanomami, que utiliza o "fungo negro", Përisi, no meio do trançado; também, segundo Lucilia, tecido vivo não é somente a tecnologia envolvida na produção de um artigo têxtil, mas a relação histórica e o legado de um povo passado de geração em geração por meio daquela tecelagem.
Confira, a seguir, a entrevista exclusiva com Lucilia Ramos:
AGÊNCIA UVA: Quando você começa a falar com seus alunos sobre sustentabilidade?
LUCILIA RAMOS: A partir do primeiro dia de aula; eu acredito nessa educação. Venho da área têxtil, principalmente essa área do design de produto, que constrói objetos, e, se esses objetos não forem bem pensados, eles vão gerar impacto ambiental em vários segmentos, desde a extração de matéria-prima até o descarte. Por isso, gosto de começar falando da importância de se pensar em sustentabilidade e ética de trabalho e empatia. A sustentabilidade é uma filosofia de vida.
AU: O que são tecidos vivos?
LR: Essa nomenclatura de "tecidos vivos" é voltada para tecidos formados por agentes biológicos, alguns até fazem fotossíntese, ligados à tecnologia. Isso é muito interessante; o conceito é esse, mas tenho outra interpretação, a de que seria, também, a carga histórica do fazer manual. Tecido vivo é tecnológico, biológico, químico e se constrói com conhecimento, como os Yanomami, que já vêm com uma fibra para fazer cestaria utilizando um fungo. Quando se fala de biodesign e biotecnologia, parece muito contemporâneo, mas meu entendimento também é esse: manter a tradição por meio dos fios, ali, vivos naquela história.
AU: Você poderia explicar um pouco sobre a técnica de tingimento e estampa com o uso de bactérias?
LR: São bactérias inofensivas que, por meio de alguns processos de fermentação e reação à luz, vão dar àquele tecido um tipo de coloração; dependendo da maneira que o produto reage com a bactéria, ela pode dar alguns grafismos, desenhos, e, por isso, é chamado de "tecido vivo".
A Semana Fashion Revolution UVA continua hoje, dia 27, no Lab Ideias do campus Barra, às 19 horas, novamente com a participação da professora Lucilia Ramos.
Foto de capa: Pexels
Reportagem Camila Teixeira, com edição de texto de Daniel Deroza
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