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90% das cidades sofrem com problema ambiental, diz IBGE

FSP, Cotidiano, p. C2
13 de Dez de 2008

90% das cidades sofrem com problema ambiental, diz IBGE
Os mais freqüentes são as queimadas, os desmatamentos e o assoreamento de rios e lagoas, além da poluição e escassez de água
No entanto, falta infra-estrutura adequada para atacar problema: só 37,4% das cidades têm recursos próprios para a área

Pedro Soares
Da sucursal do Rio

A cada dez cidades brasileiras, nove convivem com problemas ambientais como queimadas, desmatamento e assoreamento de rios e lagoas. Mas só pouco mais de um terço dos municípios possui recursos orçamentários próprios para enfrentar tais questões. O diagnóstico é da Munic (Pesquisa de Informações Básicas Municipais), divulgada pelo IBGE.
Das 5.554 cidades do país, 90,6% relataram sofrer com problemas ambientais, cuja ocorrência foi "freqüente e impactante", segundo relato dos gestores municipais.
Em 14,9% das cidades, os danos ambientais foram considerados graves, por afetarem as condições de vida da população nos últimos 24 meses anteriores à pesquisa, realizada no primeiro semestre deste ano. Outros 35,7% dos municípios dizem que eles geraram impacto negativo na economia.
Em média, prefeitos e secretários declaram 4,4 problemas ambientais por cidade. Os mais freqüentes são: queimadas (54,2%), desmatamentos (53,5%), assoreamento de rios e lagoas (53%), poluição da água (41,7%) e escassez de água (40,8%).
Apesar do relato freqüente de danos, só 37,4% das cidades têm recursos próprios para a área e 22,6% possuem fundo específico para o setor -instrumento importante, porque "carimba" a verba para ser gasta exclusivamente em ambiente.
Segundo Roberto Guimarães, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) especialista em ambiente, muitas cidades não estão preparadas para lidar com o tema.
Ele citou como exemplo o desastre provocados pela chuva em Santa Catarina, que, em sua visão, só se converteu em tragédia e morte por causa do desmatamento das matas ciliares dos rios da região de Blumenau e Itajaí. "Por que não morreu ninguém em Brusque, que fica ao lado? É que lá a mata ciliar está preservada."
Considerando os problemas ambientais graves, o maior percentual de cidades que apontaram a sua ocorrência está na região Norte: 24,1%. Nos 37 municípios com mais de 500 mil habitantes, 40,5% dizem sofrer com eles.
Pelos dados do IBGE, as queimadas prevalecem nas regiões Norte (74,2% das cidades) e Centro-Oeste (62,4%). O assoreamento é mais citado no Centro-Oeste (63,3%) e no Sudeste (60,2%).
Não por acaso os problemas mais comuns no Rio e em São Paulo são ligados ao assoreamento -68,5% e 58,1%, respectivamente. No Rio, em seguida surge a poluição da água (63%). Em São Paulo, aparecem as queimadas -50,4%.
Para Frederico Barcellos, técnico do IBGE, há uma crescente conscientização dos gestores municipais para os problemas ambientais, especialmente na região Norte, onde eles se tornaram mais graves e freqüentes. "A região despertou para as questões relativas ao ambiente."

Van é o transporte disponível em mais municípios do país

Da sucursal do Rio

Quem transita pelas grandes cidades pode imaginar que o ônibus é o transporte de passageiros presente em mais municípios do país. Mas, na verdade, predominam as vans, os mototáxis e os táxis -boa parte deles informal. É o que revela a Munic (Pesquisa de Informações Básicas Municipais) de 2008.
As vans estão em 59,9% dos municípios, segundo dados coletados neste ano nas prefeituras. Em 2005, o índice era de 52,3%. O mesmo avanço ocorreu com o mototáxi. Em 2008, o serviço estava disponível em 47,1% das cidades. Subiu para 52,7% em 2008. Já o táxi passou de 76,7% para 81,5%.
Todos são mais freqüentes que os ônibus municipais e intermunicipais, presentes em 28,3% das cidades. Esse transporte destaca-se nas grandes cidades: estão em 93% das com mais de 100 mil habitantes.
Apesar de disponíveis em menos cidades, os ônibus fazem diariamente o deslocamento de 55 milhões de pessoas, segundo a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano).
A pesquisa do IBGE também constatou que a informalidade é alta no transporte público. Na maioria das cidades, os serviços de mototáxi e de van não sofrem nenhum tipo de controle, fiscalização e regulação.
No caso do mototáxi, a informalidade predomina em 75% das cidades. Já as vans informais se sobressaem em 62%. O serviço de ônibus não é regulamentado em 22% das 1.674 cidades onde está presente.
Segundo Carlos Henrique Ribeiro, gerente técnico da NTU, vans e mototáxis fazem concorrência "predatória" aos ônibus, que sofrem com falta de passageiros e inviabilidade econômica. "O transporte ilegal inviabiliza, em muitos casos, os ônibus. Desde a década de 1990, as empresas de ônibus já perderam 35% do mercado."
Ele reconhece, porém, que o transporte alternativo encontrou terreno, em parte, graças à superlotação e à má qualidade do serviço de ônibus.
Morador da favela Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana (zona sul do Rio), Cosme dos Santos, 30, é um exemplo da informalidade: é mototaxista há dois anos, levando até 150 pessoas por dia. Ele diz ganhar R$ 2.500 por mês, "mais que o dobro" do que vendendo lanches, sua ocupação anterior.
Trem e metrô, diz o IBGE, só aparecem em 0,3% e 1,5% das cidades, respectivamente. Só 15 cidades contam com metrô.

FSP, 13/12/2008, Cotidiano, p. C2

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