VOLTAR

76% da água do 'volume morto' abastece interior

OESP, Metrópole, p. A22
09 de Mai de 2014

76% da água do 'volume morto' abastece interior
Órgão gestor do Sistema Cantareira afirma que 368 bilhões de litros da reserva profunda são liberados rio abaixo para as regiões de Campinas

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Prestes a ser captada pela primeira vez na história pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para abastecer a Grande São Paulo, a água do chamado "volume morto" do Sistema Cantareira é a mesma que já é fornecida à população das regiões de Campinas e Piracicaba, no interior paulista, segundo o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE).
Em ofício enviado no mês passado ao Ministério Público Estadual (MPE), o órgão gestor dos recursos hídricos paulista explicou que 76,5% dos 481 bilhões de litros que são considerados "volume morto", porque estão abaixo dos túneis de captação da Sabesp, fazem parte do "volume útil" que pode ser liberado para a região de Campinas por meio das "descargas de fundo", que são válvulas ou comportas no fundo das represas que controlam as vazões da barragem para os rios do interior. Os promotores questionam a qualidade da água da reserva profunda.
"Entre os mínimos operacionais da Sabesp e essas descargas de fundo há um volume (que é parte do 'morto') de, aproximadamente, 368 milhões de m³ (bilhões de litros), que, para os rios do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) é 'volume útil'. Abaixo dessas estruturas de descarga de fundo há, ainda, 113 milhões de m³. Esses 113 milhões são o 'volume morto' para o PCJ", afirma o superintendente do DAEE, Alceu Segamarchi Júnior, no documento obtido pelo Estado.
"Cada uma das quatro barragens, dos Rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha, entretanto, tem estruturas de descarga de fundo, que permitem o fluxo contínuo de água de partes mais profundas das represas para jusante, mantendo vazões nos rios", afirma Segamarchi.
É justamente esse "fluxo contínuo" da água na reserva profunda uma das principais garantias de que a água do "volume morto" também tem boa qualidade para o abastecimento público. A captação foi autorizada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável por avaliar as condições da água bruta.
Para o DAEE, sobre o possível risco de contaminação da água por sedimentos concentrados no fundo das represas, cabe à Sabesp e à Vigilância Sanitária avaliar e fiscalizar a potabilidade da água após o tratamento.
Reserva. Segundo o DAEE, a Sabesp vai retirar 183 bilhões de litros do "volume morto" para abastecer a Grande São Paulo. A operação, que é inédita no Cantareira, começa na semana que vem na Represa Jacareí, em Joanópolis. De lá, a companhia prevê retirar 105 bilhões de litros. A partir de junho, a Sabesp diz que estará apta para captar mais 78 bilhões de litros do fundo da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista.
Ao comitê que monitora a crise do Cantareira, a Sabesp informou que a reserva deve durar até o fim de novembro. Segundo o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, o "volume morto" garante o abastecimento sem racionamento generalizado de água até março de 2015.

Com manancial em 10%, município de Itu amplia racionamento

A concessionária Águas de Itu, responsável pelo abastecimento dos 155 mil moradores da cidade na região de Sorocaba, aumentou em quatro horas o período de corte de fornecimento no município desde quarta-feira. Desde janeiro a água chegava nas casas das 16h às 8h; agora, é só das 18h às 4h. A empresa alega que o objetivo da medida é recuperar os mananciais, que estão com 10% da capacidade. Também foi reforçada a campanha para economia de água.
No município de Pereiras, na região de Itapetininga, o serviço de saneamento está distribuindo água com excesso de flúor, já que não tem condições de manter a captação no Ribeirão das Conchas, praticamente seco.
Segundo o prefeito Flávio Paschoal (DEM), os moradores foram orientados a usar a água só para a limpeza doméstica, já que, se ingerido em excesso, o flúor faz mal à saúde. "Estamos sendo multados pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), mas é a única forma de não deixar a cidade sem abastecimento."
Piracicaba também está ameaçada de racionamento por causa da baixa vazão do Rio Corumbataí. Na região de Campinas, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) estendeu de seis para 11 municípios o bônus de 30% na conta para o consumidor que reduzir em ao menos 20% o consumo de água.

OESP, 09/05/2014, Metrópole, p. A22

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,76-da-agua-do-volume-morto-a…

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,com-manancial-em-10-municipi…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.