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59 % das empresas investem em projetos sociais

OESP, Nacional, p. A6
10 de Fev de 2004

59% das empresas investem em projetos sociais
Segundo estudo do Ipea, porém, volume de recursos ainda é baixo e o trabalho, feito de maneira informal

RENATO ANDRADE

Levantamento inédito feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que 59% das 782 mil empresas privadas instaladas no País realiza algum tipo de ação social voltada para atendimento de suas comunidades. Essas empresas destinaram a atividades sociais R$ 4,7 bilhões em 2000, cerca de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano. Mas o estudo aponta que o volume de recursos ainda é baixo e o trabalho é feito de maneira informal, o que provoca fragmentação das ações, desperdício de recursos e perda de eficiência. "Uma colaboração mais estreita entre o poder público e a iniciativa privada poderia aumentar a eficácia dos recursos privados aplicados na área social", sugere o Ipea.
A Região Sudeste é a que tem mais empresas envolvidas com ações sociais (64%) e o maior volume de recursos. Dos R$ 4,7 bilhões usados em 2000, cerca de R$ 3,8 bilhões foram para os Estados de São Paulo, Minas, Rio e Espírito Santo.
O Estado com maior participação empresarial em atividades sociais é Minas:
81% declararam realizar algum tipo de ação para as comunidades onde estão suas fábricas ou estabelecimentos comerciais. Rio Grande do Sul é o último da lista, com 39%. Em São Paulo, esse porcentual é de 66%. As grandes empresas, com mais de 500 empregados, são as mais envolvidas: 88% financiam projetos ou apóiam ações comunitárias.
Obstáculos - Características marcantes são fragmentação e falta de monitoramento. Pelo levantamento, 53% das empresas que realizam ações sociais fazem doações de recursos diretamente para pessoas ou comunidades carentes, normalmente visando ao atendimento infantil, com atividades de assistência social e alimentação. Apenas 19% das empresas promovem atividades educacionais e 17% agem na área de saúde.
A maioria (79%) não avalia de forma sistemática suas atividades. As ações são geralmente decididas pelos donos das empresas, num movimento de ordem "humanitária". "Na falta de maior familiaridade com o tema e de tempo, em geral, não são feitos diagnósticos mais aprofundados sobre os problemas sociais locais, as ações realizadas não são planejadas, não se dispõe de estrutura administrativa própria para sua consecução e não se procuram parceiros, governamentais ou não-governamentais, para potencializar o impacto das ações", avaliam os técnicos do Ipea.
Isso acaba prejudicando a eficiência das ações. Para o Ipea, parcerias podem ampliar seu alcance. "Observa-se aí grande espaço para racionalizar o uso dos recursos privados na área social." Dos empresários ouvidos pelo Ipea, 39% avaliam que há espaço para o crescimento de investimentos do gênero.
Os empresários identificaram medidas que poderiam ser adotadas para ampliar o atendimento social. Incentivos fiscais, redução da carga tributária, crescimento com estabilidade e melhor desempenho do governo na área social, foram alguns itens citados. Eles reconhecem que cabe às empresas tomar iniciativas como mobilizar o setor para atuar na área, promover campanhas de doação com fornecedores e clientes e fazer parcerias entre governos, empresas e comunidades. "Isso parece indicar que a partilha de responsabilidades já é percebida como necessária ao enfrentamento da exclusão social", diz o Ipea.
A pesquisa foi realizada a partir de amostra composta por 9.140 empresas privadas lucrativas, reduzida depois para 6.214, que representam o universo estimado de 782 mil empresas privadas formais instaladas no País. A amostra foi selecionada no universo de empresas com um ou mais empregados, cujos dados são mantidos pelo Ministério do Trabalho.

OESP, 10/02/2004, Nacional, p. A6

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