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30 pessoas invadem APA no Parque da Chapada

Gazeta de Cuiabá
16 de Jul de 2003

Há pelo menos 15 dias, cerca de 30 pessoas invadiram uma Área de Preservação Ambiental (APA) do Parque Estadual da Chapada dos Guimarães, na comunidade de Santa Tereza. Instalados em barracos próximos das margens do rio Coxipó-Assu, os invasores se recusaram a levantar acampamento na última quarta-feira, dia 9, como determinava uma notificação da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema).

Segundo o conciliador do Juizado Volante Ambiental (Juvam), Alexandre Corbelino, ao invés das pessoas cumprirem a ordem dos técnicos, preferiram entrar com um processo administrativo para tentar provar justamente o contrário, junto à Fema, que a área não está dentro da APA.

Outro fator agravante para a permanência dessas pessoas na área é a proximidade com as nascentes dos rios Aricá-Assu, Claro e dos Peixes, afluentes do rio Cuiabá. "São locais de recarga da bacia do Cuiabá, onde o antropismo da terra favorece os processos de assoreamento e erosão", alerta o presidente da Associação de Defesa do Rio Coxipó (Aderco), José Abel do Nascimento.

Ele explica também que não adianta correr atrás do criminoso depois que já tiver desmatado e assoreado. "Os danos à natureza são irreversíveis, assim como a falta de água potável em Mato Grosso é quase certa se não coibirmos ações predatórias como essa".
O parecer da Fema sobre a questão sai até sexta-feira.

Grupo pode ser de "testas-de-ferro"
"Quem não quer áreas de encostas verdes, com matas exuberantes, terra fértil e águas cristalinas?" - questiona o presidente da Associação de Defesa do Rio Coxipó (Aderco), José Abel do Nascimento. Ele levanta a suspeita de que os grileiros sejam apenas testas-de-ferro, que estão sendo pagos para invadir e criar a polêmica.

Nascimento diz que não se incomodaria com a invasão, desde que estivesse sendo realizada em áreas fora do Parque Estadual de Chapada dos Guimarães. "Se formos coniventes com esse tipo de ação, estaremos comprometendo a qualidade de vida de todos, inclusive daqueles que vivem nas cidades", observa.

Ações predatórias como essa vêm ocorrendo desde o início dos anos 80, no Estado. Na área urbana, segundo Nascimento, vários córregos e rios já desapareceram por falta de cumprimento da legislação e política ambiental das prefeituras. "É um completo absurdo, as imobiliárias vendem terrenos até nas margens dos córregos, uma completa desobediência ao Código de Posturas e Leis de Gerenciamento de Solo".
(Rose Domingues-Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT-16/07/03)

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