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2 mil homens buscam os assassinos no Pará

OESP, Nacional, p. A8
18 de Fev de 2005

2 mil homens buscam os assassinos no Pará
Exército chega à região onde morreu irmã Dorothy e já cercam pistas de pouso

O governo federal montou uma operação de guerra na selva para capturar os quatro suspeitos do assassinato da irmã Dorothy Stang. A chegada do Exército, que ontem tomou posições e começou a participar das operações em três municípios da região, trouxe alento às buscas, realizadas no ambiente encharcado da Amazônia nessa época de chuvas intensas e estradas intransitáveis. Já se encontram em ação cerca de dois mil homens, entre militares e policiais das Polícias Federal, Rodoviária, Militar e Civil, contingente semelhante ao que as Forças Armadas empregaram na Guerrilha do Araguaia (1971-1974).
Os dois acusados pela autoria material do crime, Eduardo e Fogoió, estariam embrenhados na floresta. O delegado Mário Sérgio Nery, da Polícia Federal, acredita que eles estejam sem saída e a qualquer momento devam ser capturados, caso não se entreguem por exaustão. Eles chegaram há poucos meses na região e, sem amigos nem dinheiro, não têm muitas opções de fuga. As buscas, todavia, são lentas e podem se prolongar por vários dias, devido às dificuldades de deslocamento. Barreiras estão montadas nas entradas e pontos estratégicos das estradas vicinais a partir da Rodovia Transamazônica.

Já o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, vulgo Bida, acusado de ser o mandante do crime e o seu capataz, conhecido por Tato, suspeito de ser o contratante dos pistoleiros, têm recursos e amigos influentes na região, aos quais ele estaria recorrendo para montar uma rota de fuga.

Os policiais estão fechando o cerco nas pistas de pouso da região. O problema é que muitas delas são clandestinas. Agentes da área de inteligência estão monitorando as ligações telefônicas e os rastros que o fazendeiro e o capataz deixam quando entram em contato com amigos, realizam compras ou tocam seus negócios.

MOBILIDADE

O apoio do Exército, que começou de fato só ontem à tarde, deu mais mobilidade às operações. Além do grande contingente de tropas, que continuam a chegar à chamada Terra do Meio do Pará, o Exército mandou para o local três helicópteros com capacidade para transportar 23 pessoas cada e equipamento sofisticado de operações de selva, que inclui aparelhos de comunicação por satélite Globalsat, além de veículos de deslocamento em terrenos acidentados.

Eles trouxeram até cães de guerra, além de armamento pesado de combate, que inclui fuzis, metralhadoras e granadas. "Nossa missão é dar suporte, segurança e apoio logístico aos deslocamentos dos policiais nas operações, mas estamos preparados para qualquer situação de confronto", afirmou o capitão Wanderly Batista Júnior, comandante da tropa instalada em Anapu, município onde foi assassinada irmã Dorothy.

A área central do Pará é a mais nova zona de expansão de fronteira agrícola que desperta a cobiça de grileiros, madeireiros e fazendeiros devido ao seu elevado potencial econômico.

Às dificuldades climáticas se somam imprevistos. Ontem, por exemplo, faltou gasolina para os helicópteros do Exército estrearem nas operações. O comando prometeu solucionar o problema hoje. O clima continua muito tenso na região. Revoltados com a sucessão de mortes, trabalhadores rurais começaram a se deslocar para os centros urbanos, onde realizam manifestações ruidosas.

OESP, 18/02/2005, Nacional, p. A8

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