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Yanomamis: imagens que salvam

Outras Palavras - http://outraspalavras.net/blog
05 de Jul de 2017

Yanomamis: imagens que salvam
Povo indígena pede ajuda para fortalecer centro de audiovisual, usado nas lutas e reivindicações de suas comunidades no Amazonas

Por Inês Castilho | Imagem: Marcos Wesley / ISA

Os Yanomami da região amazônica sofrem há décadas com as invasões de suas terras pelo garimpo ilegal. Hoje, enfrentam a grave contaminação por mercúrio e outros metais pesados usados pelos garimpeiros em suas aldeias: algumas chegam a ter mais de 90% das pessoas contaminadas, conforme estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto Socioambiental (ISA) realizado em 2016.
"Estamos tomando água poluída, de mercúrio. O povo yanomami vai sumir", denunciou pela segunda vez na ONU, em abril, seu líder político e xamã Davi Kopenawa, autor de A queda do céu. Investigações indicam que o volume de negócios gerado pela venda do ouro ilegal foi de R$ 1 bilhão, entre 2013 e 2014, e vem sendo negociado na Ouro Minas DTVM, uma das principais distribuidoras de ouro no país, na sede da empresa, em São Paulo, e na filial em Rondônia, com o envolvimento de políticos e empresários. "Alguém financia os equipamentos, o combustível, os aviões, a alimentação dos garimpeiros", diz o procurador Fábio Brito, do MPF de Roraima.
Sua arma de luta são as imagens. A campanha de financiamento coletivo Núcleo Audiovisual Xapono 2017 foi criada para fortalecer o "centro de produção, formação, discussão, reivindicação, luta e imaginação de e para os povos indígenas e yanomami" do Amazonas, em particular do rio Marauiá.
O Núcleo Audiovisual Xapono foi criado em 2016 por uma parceria entre a Associação Yanomami Kurikama, Rios Profundos, Fábrica de Cinema e Escola Xapomi. Graças à contribuição de mais de duzentas pessoas via campanha de financiamento coletivo, foi possível comprar equipamentos e realizar uma oficina de três semanas de introdução à produção e linguagem audiovisual.
Agora, querem consolidar o trabalho de produção, exibição e discussão audiovisual. "Queremos fazer do Núcleo Audiovisual Xapono um centro de produção, formação e discussão sobre vídeo e cinema como ferramentas de produção de narrativas de reivindicação, luta e imaginação, de e para os povos indígenas", sustentam.
A meta da campanha é de 40 mil reais, incluindo a compra de equipamentos para ampliar os meios de produção do Núcleo Audiovisual Xapono e a realização de duas oficinas: a primeira durante 4 semanas, entre agosto e setembro, e a segunda de 3 semanas, em dezembro, com os profissionais Renato Batata, professor convidado do curso de Comunicação e Multimeios da PUC-SP, e Rodrigo Siqueira Arajeju, roteirista e diretor dos filmes Índio Cidadão?, Índios no Poder e Tekoha - som da terra, este em parceria com Valdelice Veron Kaiowa.

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