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Yanomami e Yekuana querem saber como será transição da Funasa para nova secretaria de saúde indígena

Notícias Socioambientais - http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2846
20 de Fev de 2009

Reunidos em Alto Alegre (RR), conselheiros do Distrito Sanitário Yanomami e Ye'kuana expressam temores quanto ao futuro da saúde indígena e conveniados reclamam de atraso no repasse de verbas, de falta de apoio, de medicamentos e equipamentos.

A XI Reunião do Conselho Distrital do Distrito Sanitário Yanomami e Ye'kuana (DSY), realizada em Alto Alegre, a 30 km de Boa Vista (RR), entre 16 e 18 de fevereiro, foi marcada pela preocupação dos cerca de 50 conselheiros quanto à falta de cenários claros em relação aos convênios e à transição com a criação da futura Secretaria Especial de Saúde Indígena, conforme prometido pelo governo federal no final do ano passado, em lugar da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Os convênios do DSY terminam em maio próximo e o temor dos conselheiros presentes à reunião é que a falta de respostas e a comunicação conturbada possam prejudicar a já abalada saúde dos Yanomami e dos Ye'kuana.

O atraso no repasse de verbas e as consequências que acarreta, a falta de equipamentos e a falta de medicamentos são queixas recorrentes das conveniadas em relação à Funasa e não são novidades. Vêm de longa data e podem ser estendidas a todo o País. Saiba mais. Mas com a perspectiva da criação a curto prazo da nova secretaria, as organizações conveniadas tem uma nova preocupação: a transição da situação atual dos convênios e a ausência de informações a respeito.

Hoje, são duas as organizações conveniadas à Funasa que prestam atendimento à saúde indígena na região: a Secoya - Serviço e Cooperação Yanomami - e a Diocese de Roraima. Ambas apontam basicamente as mesmas dificuldades. A Diocese de Roraima, por exemplo, renovou em julho de 2008 o convênio com Funasa por um ano. Entretanto, até agora, não recebeu a parcela do repasse prevista para novembro do ano passado. A coordenadora técnica da Diocese Roraima, Luciana Pires, relatou que as dificuldades sofridas por atraso no repasse dos recursos são freqüentes. A insatisfação se agrava por conta da comunicação caótica com o Desai - Departamento de Saúde Indígena da Funasa. A tudo isso soma-se a falta de informações sobre o futuro do convênio, gerando incertezas e inseguranças.

O coordenador da Secoya, Silvio Cavuscens classificou como vergonhosa a situação do DSYe reclamou da falta de apoio do Desai - Departamento de Saúde Indígena da Funasa - e das condições de trabalho. Apontou ainda a descontinuidade do trabalho e a falta de autonomia do DSY. Cavuscens relata que o levantamento epidemiológico não foi realizado por falta de hora-voo - a Funasa é responsável pela compra de horas-voo para que as equipes possam se deslocar para prestar atendimento nas áreas e se ela não comprar não é possível chegar nas áreas. Afirma ainda que os dados epidemiológicos do segundo semestre de 2008 não foram sistematizados por falta de funcionários.
Há pelo menos três anos, a imprensa vem denunciando o recrudescimento da malária entre os Yanomami, com o expressivo aumento do número de casos.

"Ainda sofremos com as 39 pistas irregulares da Terra Yanomami e passados nove meses de convênio a Secoya não recebeu ainda nem 50 % do total dos recursos", diz o coordnador da Secoya.

Durante a III Assembléia da Hutukara, realizada na comunidade do Ajarani, em Caracaraí (RR), no final de novembro de 2008, todas essas questões tinham sido colocadas pelas diferentes lideranças indígenas presentes. Leia mais.
O coordenador regional da Funasa em Boa Vista, Marcelo Lopes, presente à reunião, informou que alguns materiais e equipamentos já foram comprados e todos os pólos-base seriam reformados em 2009. Mas isso não diminuiu a indignação dos conselheiros. "Queremos saber quando esses materiais vão de fato chegar às nossas regiões", perguntou Jamil Yanomami, conselheiro da região do Alto Mucajaí.

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