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Xavantes: Funai e Funasa montam postos na aldeia

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Maria Angélica Oliveira
24 de Ago de 2004

Aos poucos índios que tiveram o direito de voltar à área começam a se adaptar à nova reserva

A sede da fazenda Karu, localizada dentro da terra indígena Marãiwatsede, será usada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para instalação de postos de atendimento à etnia. A informação foi passada ontem pelo administrador regional da Funai em Goiânia, Edson Beiriz.

O administrador disse que uma das casas abrigará um posto indígena, com quatro funcionários que acompanharão os índios até que a Justiça decida de quem é a posse da área. A principal função dos funcionários é ajudar na formação de roças.

O posto de saúde da Funasa ficará em outra casa. Há ainda uma cantina, cinco barracões de madeira, uma pista de pouso e um curral, onde os índios deverão criar gado. Cada casa possui de três a quatro quartos e é feita de alvenaria e madeira.

A fazenda, de 14 mil hectares, seria a única área onde os índios entraram até o momento. Três crianças já nasceram dentro da reserva depois do retorno dos xavantes. Segundo Beiriz, o proprietário da fazenda, um empresário de São Paulo, teria desistido do local depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O STF permitiu que os índios retornassem à reserva. O empresário teria, inclusive, doado 17 cabeças de gado para a etnia.

Entre os 450 xavantes, existem 170 crianças que vão estudar provisoriamente em um rancho de palha. Na aldeia, há um professor que dá aulas na língua xavante e em português. A responsabilidade de construir uma escola em alvenaria é da Secretaria Estadual de Educação. A Funai está tentando conseguir mudas com a Empaer e Ibama.

Beiriz participou de uma reunião na sexta-feira juntamente com representantes da Advocacia Geral da União (AGU), Ministério Público Federal (MPF), Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Polícia Federal (PF) e posseiros para colocar fim ao bloqueio das BRs 158, 080 e 242, fechadas na quarta-feira à noite, dia 18.

A reunião foi na fazenda Capim Fino, a 50 quilômetros do Posto da Mata, onde se concentrou o bloqueio. O tráfego foi liberado na sexta-feira à noite.

Na reunião, a Funai assumiu o compromisso de orientar os índios na convivência com os posseiros para evitar que o clima de tensão se acentue. Em relação às queixas de que estaria havendo abusos por parte dos xavantes, Beiriz disse que houve um episódio isolado logo após a decisão do STF, no dia 10 de agosto. Um grupo de jovens foi até uma fazenda de médio porte e levou uma motosserra e dez galinhas. A proprietária foi ouvida pela Funai e será ressarcida. O grupo já foi advertido pelas lideranças indígenas e pelo órgão.

O Incra firmou o compromisso de fazer um levantamento na área. Um relatório do ano mostra que existem 450 famílias de posseiros dentro do perfil da população atendida pela reforma agrária. O órgão fará a checagem dessas pessoas. O órgão estuda a possibilidade de desapropriar duas fazendas na região. O processo de uma delas, com área de 70 mil hectares, está em fase mais adiantada.

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