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WWF pede ação contra desmatamento

GM, Saneamento & Meio Ambiente, p. A18
12 de Abr de 2004

WWF pede ação contra desmatamento

ONG internacional alerta para as perdas de biodiversidade e impactos da expansão agrícola. O WWF (World Wide Fund) pediu ao governo brasileiro a adoção de medidas imediatas para deter a veloz devastação da Amazônia, a maior e mais importante floresta tropical do mundo, que em 2003 teve 23,7 mil km² desmatados, devido principalmente à expansão da agricultura em escala industrial e da pecuária bovina.

Segundo os dados da unidade do WWF no Brasil, a maior porcentagem de desmatamento é registrada nas áreas classificadas pelos cientistas e pelo próprio governo como "essenciais para a conservação de diversas espécies amazônicas". Uma dessas áreas, afirma a organização, já desapareceu, enquanto outras cinco perderam metade de sua cobertura florestal. "É muito alarmante que, pelo segundo ano consecutivo, não haja sinais de que o desmatamento esteja diminuindo", disse Denise Hamu, representante do WWF no Brasil, que pediu que as autoridades do País respondam a esta questão "cumprindo seu compromisso de triplicar a área amazônica sob proteção legal".

A organização ecologista destacou que, apesar de terem sido identificadas inúmeras áreas em situação biológica crítica, elas não foram declaradas áreas de proteção em 2003. Além disso, o WWF manifestou sua inquietação com o fato de alguns estados "terem reduzido o tamanho de seus parques nacionais e outros não terem atendido às necessidades de comunidades inteiras que foram desalojadas à força de suas terras tradicionais".

Para Chris Elliott, diretora do WWF, "os dados do governo sobre desflorestamento são alarmantes e mostram a necessidade de atuar rapidamente para transformar as áreas biologicamente mais importantes da Amazônia tanto em áreas estritamente protegidas, como em espaços onde o uso dos recursos é regulado e sustentável", afirmou.

Impacto agrícola

O impacto negativo da agricultura no meio ambiente é tema ainda de um novo livro publicado pelo WWF, "Agricultura Mundial e Meio Ambiente", escrito por Jason Clay, vice-presidente do centro para inovação na conservação do WWF dos Estados Unidos. Enquanto a atividade agrícola emprega ao redor de 1,3 bilhão de pessoas e produz anualmente bens num valor aproximado de US$ 1,3 trilhão, gera também graves problemas ambientais, sociais e econômicos, principalmente nos países em desenvolvimento. O livro destaca ainda que o setor utiliza mais de 50% das áreas habitáveis do planeta, incluindo terras não aptas para esse tipo de atividade, e destrói anualmente 130 mil quilômetros quadrados de florestas, savanas e áreas montanhosas.

A agricultura está destruindo também os habitats de muitas espécies, segundo Clay, que destaca o óleo de palmeira como o produto que representa a maior ameaça para os mamíferos em perigo de extinção. As povoações do elefante asiático, do rinoceronte de Sumatra, do orangotango e do tigre estão todas diminuindo porque as plantações de óleo de palmeira estão invadindo seus habitats.

"A agricultura desperdiça 60% dos 2,5 trilhões de litros de água que usa por ano", denuncia Clay, afirmando que os recursos de água estão sendo explorados próximo ou além de seus limites no continente americano, na África do Norte, na península Arábica, na China e na Índia.

"A agricultura teve um impacto ambiental maior que qualquer outra atividade humana e ameaça hoje justamente os sistemas de que precisamos para satisfazer nossas necessidades alimentares e têxteis", observa o diretor do WWF.

O livro adverte que, atualmente, os subsídios governamentais estimulam as práticas agrícolas intensivas de monocultura, que usam produtos químicos nocivos ao meio ambiente.

Na Inglaterra, por exemplo, diz Clay, essas práticas levaram a uma diminuição de 77% da população de aves nos últimos 30 anos. O autor recomenda aos governos, especialmente aos de países de alto consumo como China, Japão, EUA e União Européia, que dediquem os fundos de subsídios e barreiras comerciais para a adoção de melhores práticas de gestão dos recursos agrícolas. Isso inclui pagamentos públicos aos agricultores ambientalmente corretos, proteção de bacias hidrográficas, prevenção da erosão do solo, limpeza da água e seqüestro de carbono.

GM, 12/04/2004, Saneamento & Meio Ambiente, p. A18

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