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VOTO DO RELATOR DO STF - Arrozeiros preparam campanha nacional

Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br
Autor: Loide Gomes
29 de Ago de 2008

O prefeito de Pacaraima e principal produtor de arroz de Roraima, Paulo César Quartiero (DEM), anunciou ontem que promoverá, com o apoio da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), uma campanha nacional contra o relatório do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto. Na quarta-feira, Britto votou pela demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol e pela retirada de todos os não-índios da reserva.

A posição do ministro, embasada no artigo 231 da Constituição Federal, que considera nulas as posses em áreas reconhecidas como terra indígena, ainda que as fazendas sejam tituladas, causou "arrepios" nos produtores de todo o país. "Por isso vamos começar uma mobilização nacional pela liberdade de produzir no Brasil", resumiu.

O ato contra o relatório do ministro, segundo Quartiero, começa com a implantação de comitês de gerenciamento de crises em todos os estados. O primeiro será instalado em Boa Vista já a partir da próxima semana, pelo agravamento da crise com o voto do relator, embora Quartiero considere que o pedido de vista do ministro Menezes Direito tenha "evitado um desastre".

Ainda em Brasília, onde passou o primeiro dia depois do adiamento do julgamento, Quartiero reuniu-se com seus advogados, antes de embarcar para Boa Vista no vôo da noite.

Já em Boa Vista, a Associação dos Rizicultores reuniu os produtores no final da tarde de ontem para analisar a situação. ntes de definir novas estratégias de mobilização, Nelson Itikawa, presidente da entidade, disse que o grupo "vai esperar a poeira baixar", mas não ficará de "braços cruzados".

Clima entre os indígenas permanece tranqüilo

O dia seguinte à suspensão do julgamento no Supremo, a quinta-feira foi sem incidentes entre os indígenas. As lideranças da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr) passaram o dia confinadas em sua sede, no bairro Caimbé, onde prepararam faixas para uma manifestação que pretendem realizar ainda hoje, na Praça do Centro Cívico.

O presidente da entidade, Silvio da Silva, disse que vai aproveitar o tempo ganho com o pedido de vista para se articular e "convencer os demais ministros a votarem diferente do relator".

Já os índios mobilizados pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) na Vila Surumu, principal foco de conflito na reserva, permanecem no local até segunda ordem do coordenador da entidade, Dionito José de Sousa.

"Devo ir lá hoje ou amanhã explicar o que está acontecendo e mandar metade de volta para suas casas. É preciso cuidar da roça", disse, lembrando que parte do grupo permanecerá na vila, monitorando a situação. Ele reclama que durante a noite, quando a polícia não está no Surumu, motoqueiros andariam armados assustando os índios.

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