G1 http://g1.globo.com/
12 de Mar de 2018
Quase três milhões de brasileiros vivem sem energia elétrica em casa. Mas entre tantos outros milhões que acham isso errado, o Jornal Nacional encontrou, em Brasília, um cidadão que decidiu agir.
Chegar à comunidade quilombola dos kalungas não é nada simples. Eles vivem perto da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
São duas mil famílias. Em alguns casos, o vizinho mais próximo está a dez quilômetros de distância. Os kalungas são descendentes de escravos. O isolamento traz limitações, como a falta de energia elétrica. Luz à noite, só com vela, lamparina.
"A lamparina incomoda de alguma forma?", pergunta o repórter.
"Ela incomoda, aquela fumaça, a gente está ficando com a vista meio embaralhada, acho que é a fumaça". "Olhar longe, fica 'fumaçada".
Foi acampando na região que o André decidiu ajudar os quilombolas a se livrar das lamparinas. O trabalho voluntário começa na casa dele, em Brasília. Ele monta circuitos elétricos, ligados a uma pequena placa de energia solar. Amigos ajudam a financiar os circuitos, que saem por R$ 300 cada.
Quanto tudo fica pronto, o André pega 400 quilômetros de estrada e bate de porta em porta para levar a luz.
"A gente vai colocar uma placa no alto do telhado e instalaria uma luzinha com uns botõezinhos aí nos cômodos", explica André Viegas, criador do projeto Pisco de Luz.
O circuito tem 21 lâmpadas e permite levar energia a até sete pontos da casa.
"A ideia surgiu justamente assim. Eu vi que uma pequena luz numa escuridão total é a diferença de você conseguir se locomover ou não".
De acordo com o último censo, 1,5% da população brasileira ainda não tem acesso à energia elétrica. O número parece pequeno, mas, segundo o IBGE, isso equivale a 2,7 milhões de brasileiros que ainda vivem no escuro.
O sol foi embora e é hora de ver o resultado do projeto. Mais de 60 anos sem luz na casa de dona Jocília e, ainda estranhando a luz no rosto, ela começou a pensar em tudo que vai poder fazer agora na cozinha e também à noite.
"Um arroz, um feijão, uma carne, uma abobrinha, galinhada".
Seu Sabino, dona Mercelina, os oito filhos e os dez netos tiveram a casa iluminada há um mês. A luz está ajudando até a espantar cobra.
"Mexeu na parede, corre lá, liga! Mexeu ali, ó ela lá!".
E está melhor para a Cleidiane estudar. É que ela não precisa mais contar com a ajuda de um irmão para segurar a lamparina.
"Agora não preciso mais ficar pedindo ajuda, só acender a luz, a gente já escreve mesmo, faz o dever de boa.
"Eu vi que, com um gesto muito simples, a gente consegue mudar a vida de uma família", diz André.
"Vai voltar para casa como?", pergunta o repórter.
"Realizado. Com certeza".
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/03/voluntarios-criam-s…
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.