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Vitória contra hepatites B e D

A Crítica (AM) - http://www.acritica.com.br/
Autor: Antonio Ximenes
24 de Jan de 2010

Nove indígenas do Vale do Javari das etnias Marubo, Mayuruna e Kulina fizeram um tratamento de saúde durante um ano (2009/janeiro de 2010) à base de Interferon, para escapar da morte provocada pelos vírus das hepatites B e D. O internato clínico foi um desafio superado com dor, mas com o permanente medo da morte. "Ficar longe da família, dos amigos, do nosso jeito de viver por tanto tempo não é fácil. Mas a gente tem que viver e não desistir nunca", disse Darcy Coban Mayuruna, 22, um dos quatro jovens acompanhados pela reportagem de A CRÍTICA até suas aldeias nos rios Curuçá e Pardo.

Reunidos na Casa de Apoio Indígena de Tabatinga, os pacientes esperam ansiosos o momento de poder deixar o local. Animados, eles se preparam para tomar a última dose do medicamento, são 48 ao todo, sendo que cada ampola custa R$ 1.260,00. É, portanto, um tratamento de alto custo e que não pode sofrer alterações em sua programação de quatro doses por mês. Foi esta a razão que levou a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o Ministério da Saúde a prepararem uma área com duas malocas tradicionais, com o objetivo de tornar o ambiente de confinamento mais próximo do cenário das aldeias do Javari.

As horas passam e a angústia aumenta. Os indígenas querem tomar logo a medicação para poderem viajar. Mas os profissionais de saúde são experientes e os aconselham para que se acalmem. Antes da aguardada injeção, eles, os pacientes, passam por uma bateria de exames e tiveram o sangue coletado para análise. "Quero sair daqui. Tenho pressa". Diz Marcos Mayuruna, 24, um dos mais rebeldes que, por duas vezes, tentou abandonar o tratamento por se sentir deprimido e por não suportar a distância da família, que ficou na aldeia Nova Esperança, no rio Pardo.

Foi o aconselhamento dos colegas de tratamento que o removeu da ideia de retornar para o Vale do Javari, onde sem assistência clínica de alto nível, como requer o seu quadro de saúde, dificilmente resistiria e poderia morrer se contraísse malária, enfermidade que costuma fragilizar drasticamente os portadores de hepatites dos vírus B e D, como é o seu caso.

Passada a tensão, o que aconteceu com a chegada dos amigos, lideranças indígenas e alguns familiares que foram de Atalaia do Norte e Benjamin Constant para participar da festa de encerramento do tratamento. Os jovens se aglomeraram no ambulatório e, de forma organizada, foram levantando a camisa para receber a aplicação de Interferon na barriga.

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