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Visitantes sem convite

O Globo, Razão Social, p. 14-18
02 de Jul de 2007

Visitantes sem convite
Grandes corporações que decidem investir em municípios carentes e sem infra-estrutura precisam, acima de tudo, ganhar a simpatia da população

Amélia Gonzales

O sinal de alerta acendeu no mês passado em Jururi, interior do Pará, onde a Alcoa está construindo uma mina para extrair bauxita e onde pretende ficar, pelo menos, durante os próximos 50 anos. Aparentemente, a empresa estava fazendo o dever de casa socialmente responsável, incluindo reuniões com os moradores para dizer claramente o que ela está fazendo ali e como pretende ressarcir a população dos recursos que extrairá. No entanto, algo deu errado. Com a concordância de parte da população e da prefeitura, os ministérios públicos federal e estadual pediram à Secretaria Estadual de Tecnologia e Meio Ambiente a suspensão das licenças de operação.

A situação ainda não está definida, mas serve para uma reflexão sobre o papel das empresas de grande porte ao se instalarem, com toda a entourage, em municípios carentes.

Juruti é uma cidade de pouco mais de 30 mil habitantes, situada a 12 horas de barco de Santarém, que até setembro do ano passado sobrevivia em condições precárias como a maioria dos municípios daquela região, mas sossegadamente. Hoje convive com milhares de operários e, nos últimos tempos, pessoas humildes têm sido fotografadas segurando cartazes com palavras escritas à caneta de modo canhestro mas com uma mensagem clara: "Fora Alcoa". Fatal para qualquer empreendimento numa era em que a imagem politicamente correta é a chave do sucesso.

Numa quase emocionada palestra na Conferência do Instituto Ethos mês passado, o presidente da companhia, Franklin Felder, deixou claro que o projeto Juruti, que inclui a construção de um porto e de uma ferrovia, exige uma reflexão específica. E que pretende torná-lo o maior projeto de bauxita do mundo (vai extrair 2,6 milhões de toneladas de minério por ano a partir de junho de 2008).

Ao contrário de outros projetos, ele é integrado à sociedade. Não existe muro, não temos alojamentos especiais para diretores. É uma caminhada emocionante, mas temos nossas frustrações disse.

Segundo Felder, há pouco debate sobre a Amazônia e há falta de recursos do poder público e de robustez nas instituições que operam no local:
- Sustentabilidade não se faz de maneira isolada, mas em parceria. As ONGs locais não possuem recursos para ajudar as empresas.

Pode não ser bem assim. Ali mesmo na Conferência, Alberto Veríssimo, o representante da Imazon, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que atua na região, apontou outro problema:
- A Alcoa começou mal, aproveitouse pouco das instituições locais, não deu emprego, e foi fazer acordo com a FGV de São Paulo. Sou de uma organização que não interfere diretamente ali, mas de longe dá para perceber que ela ainda vai levar muita pancada - disse ele, acrescentando que foi procurado recentemente pela companhia mas negou-se a ajudar - Não posso entrar agora, o passivo já está muito grande.

Para Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, é cedo ainda para dizer se a companhia acertou ou errou, já que ela está no meio do processo. Mas ele aponta o que pode ter sido um engano crucial da parceira Camargo Corrêa, construtora do empreendimento:

Levar três mil homens para o meio do mato é uma coisa explosiva.

Quando não estão trabalhando, o que eles vão fazer? A pressão sobre a cidade torna-se desagregadora .

Para evitar isso, a primeira providência de qualquer empresa quando chega a um local carente é recrutar ali mesmo os operários. Como nem sempre isso é possível, é importante capacitar muito bem os homens que vão ser recrutados. Segundo Young, eles precisam ter um salário que os permita fazer um pé de meia. O peão tem que fazer tudo para não ser demitido, só assim vai se empenhar.

Engenheiro da Emater e presidente do Centro Cultural de Santarém, cidade próxima a Juruti, Cristovam Sena acha difícil não haver conflito quando uma empresa de tal porte chega a uma comunidade tão carente. E resume bem a situação: "Quem é a favor defende apaixonadamente; quem é contra ataca apaixonadamente"

- As pessoas da comunidade começam a cobrar da empresa como se fosse governo, e isso está errado. Deveriam aproveitar para criar modelos econômicos endógenos e garantir assim a sustentabilidade diz.

Diretor do Centro Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável, Fernando Almeida também acha inevitável acontecerem problemas quando um município pobre se torna sede de um grande empreendimento.

Almeida defende que a empresa precisa ter alguns compromissos, como gerar empregos, preservar a cultura, garantir a infra-estrutura da cidade, investir em compensações sócio-ambientais.

E deixar isso claro para a população.

Se não quiser fazer assim, vai investir na Escandinávia. Aqui nós temos problemas mesmo - diz.

Experiente na tarefa de chegar quase sempre sem ser convidada e precisar se fazer querida pela população, a Vale do Rio Doce tem uma receita própria para essas ocasiões: conhecer muito bem a comunidade. Segundo a diretora-superintendente da Fundação Vale do Rio Doce, Olinta Cardoso, é preciso ter tempo e perseverança para conhecer bem o território, debruçar-se sobre a cultural local e lidar com as expectativas.

- É um desafio e os conflitos vão sempre existir, mas a democracia nos ajudou a conduzir isso de maneira mais aberta, porque a base de tudo é a informação. As empresas têm que ter essa visão - diz Olinta.

Outra empresa que precisa ir longe para conseguir seus recursos é a Petrobras, cujo gerente de responsabilidade social, Luis Fernando Nery, lembra a diferença dos tempos de hoje para os anos 90:
- Tinha o orçamento, e via-se o que dava para fazer com aquele dinheiro em prol da comunidade. Hoje a gente vê o que é preciso ser feito e, em função disso é que se calcula o orçamento garante.
Novos tempos, com certeza.

Imagem arranhada

Felipe Awi

" Antes de embarcar para Juruti, onde escreveria uma reportagem sobre a instalação da mina de bauxita da Alcoa, parei numa feirinha livre de Santarém. Tinha de comprar uma rede para dormir no barco. Quando o vendedor soube o destino da minha viagem, abriu um sorriso largo e perguntou: "O senhor vai lá atrás de trabalho, né? Se a minha senhora deixasse, eu iria também".

Pois é essa a idéia comum sobre a chegada da Alcoa a Juruti, pelo menos para quem não vive na cidade. Chega o progresso e, com ele, chegam os empregos.

Quem está lá, já não parece tão empolgado, embora ainda exista a esperança num futuro melhor.

Nos dois dias em que passei em Juruti, fiquei com a impressão de que, à exceção de um grupo mobilizado da comunidade de Juruti Velho, a população não é contra o desenvolvimento trazido por uma grande empresa, mas não admite danos ambientais como os que supostamente ocorreram nos últimos meses. Ainda mais quando eles vêm acompanhados de problemas sociais de um município que não se preparou para crescer.

Ao contrário de outras regiões da Amazônia onde há exploração de minério, como a Serra do Carajás, Juruti ainda tem uma relação muito estreita com a floresta. Três quartos da população vivem em comunidades ribeirinhas extrativistas e tiram o seu sustento diretamente da pesca, da caça e da castanha. Quando viram a água dos seus lagos e igarapés com uma cor bem diferente e um surto de hepatite A, relataram tudo ao Ministério Público Federal, que já havia denunciado supostas irregularidades no estudo de impacto ambiental da Alcoa antes da liberação da licença ambiental.

Conversei longamente com o gerente geral do Projeto Juriti, Tiniti Matsumoto, que diz ter enfrentado situações semelhantes na implantação de outras minas em cidades pequenas. Os transtornos são inevitáveis no início, diz ele, mas a Alcoa está atenta às demandas da população. Se cumprir o prometido, a empresa vai gastar mais de R$ 50 milhões numa agenda positiva que inclui a construção de um hospital, 16 novas salas de aula, sistema de tratamento de esgoto e 100km de estradas. No fim, ele garante, todos vão entender que vale a pena. "É natural a ansiedade de um povo tão carente, mas é preciso ter paciência", conclui."
Felipe Awi é jornalista

O futuro do mundo em quatro cenários
Conferência do Ethos reúne mais de mil pessoas e debate o papel das empresas na sociedade

Por Amélia Gonzalez

Vamos direto ao ponto: no mundo há seis bilhões de pessoas, das quais 4 bilhões e meio estão fora do mercado. Como a projeção é que em 2050 a população mundial fique na casa dos 9 bilhões, se continuarmos usando os recursos naturais de forma irresponsável como agora, alertam os ambientalistas, haverá também, proporcionalmente, muito mais excluídos. Os empresários estão começando a olhar para essa questão de maneira mais responsável, o setor financeiro dá os primeiros passos para criar mecanismos preventivos mas os governos ainda não reagem seriamente.

Diante desse quadro, a sociedade civil passou a atuar. E a globalização, tão criticada, na verdade aparece agora como uma ferramenta de ajuda, já que possibilita a criação de redes de mobilização com lideranças políticas, não necessariamente governamentais.

Cinco dessas lideranças estiveram na abertura da Nona Conferência Internacional do Instituto Ethos, no meio do mês passado, para apresentarem um relatório que analisa as principais tendências dos mercados e das políticas do século XXI e suas implicações para o desenvolvimento sustentável.

O primeiro cenário desenhado pelo estudo realizado pela empresa de consultoria norte-americana SustainAbility retrata o melhor dos mundos: harmonia entre interesses econômicos, meio ambiente e demografia depois de alguns anos de crise. O segundo cenário traz o meio ambiente recuperado, mas porque está sendo usado por uma elite que, depois de ter extraído tudo o que podia, nega aos pobres o acesso ao seu quinhão dos recursos naturais.

No cenário três é a sociedade quem ganha: mais megalópoles são construídas com todo o conforto para garantir a todos um lugar ao sol... mas, que sol? Em pouco tempo, nenhum verde restaria para contar história. O último cenário é negro: são tantos desafios que os líderes não conseguem fazer nada e os conflitos crescem, criam-se guetos e acabam-se as ilhas de sustentabilidade.

É preciso, portanto, agir já. Mas se dependesse só de aviso... Em 1972, reunidos na Noruega, 21 pessoas - políticos, diplomatas e cientistas do mundo todo - criaram o relatório Brundtland, responsável por espraiar no mundo o conceito de desenvolvimento sustentável e que já chamava a atenção para a necessidade de se unir forças entre economia, sociedade e meio ambiente. Mais de 30 anos depois, ainda discutimos isso.

A boa notícia para os brasileiros é que o Brasil, mesmo com tantos passivos sociais e ambientais, aparece como um país que pelo menos tem procurado fazer o dever de casa. Em outro relatório divulgado na conferência, produzido pela ONG multinacional Accountability, há 108 países (são 194 no mundo) onde existe correlação entre a competitividade e as práticas socialmente responsáveis. O Brasil está entre esses 108.

E entre seus pares emergentes - Rússia, Índia, China e África do Sul mdash; o Brasil está em segundo lugar na maneira como lida com questões fundamentais para a responsabilidade social empresarial, como orientação ao consumidor, liberdade de imprensa, transparência, ONGs, liberdades civis, impacto nas populações das operações de negócios - explicou Simon Zadek, presidente da Accountability.

E mais: segundo Jodie Thorpe, gerente da SustainAbility e responsável por detalhar o relatório para uma platéia de cerca de mil pessoas, no ano passado as empresas brasileiras investiram mais no estrangeiro do que as estrangeiras investiram aqui, o que põe o país na condição de influente economicamente.

Aqui vale um parêntesis para se ter uma idéia do padrão usado pelas ONGs internacionais para chegar a tais resultados. A Austrália, um país rico, na verdade tem um passivo imenso na área social e as empresas de lá não estão muito interessadas em mudar esse quadro, segundo Linda FunnelMilner, da ONG australiana Corporate ResponsAbility:

Os índios australianos vivem 17 anos menos do que a média dos cidadãos não-indígenas, têm um índice de desemprego muito maior e só tiveram direito a um território em 1992. A Austrália só tem 30 empresas cadastradas no Pacto Global e só três delas têm ações negociadas em bolsa. E o Brasil tem 299 empresas cadastradas - informou ela na mesa-redonda em que se discutiram os avanços da responsabilidade social nos cinco continentes.

A proposta de reflexão é: será que a globalização vai entrar mesmo em rota de colisão com o desenvolvimento sustentável?
Não necessariamente - disse John Elkington, fundador da SustainAbility - Há muito protecionismo. O que acontece é que precisamos de mais sensibilidade para navegar, já que há novas regras do jogo criadas pela globalização desde o relatório de Brundtland. Naquela época, a sustentabilidade era vista como uma estratégia, mas agora se vê que é mais do que isso.

As lideranças apostam, acima de tudo, em juntar forças para provocar mudanças de políticas públicas.

Não temos saída fora das redes de colaboração. Temos que descobrir novas formas de fazer as coisas e não ficarmos só gerenciando os riscos - disse Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos.
A íntegra do relatório está no www.sustainability.com/raising-our-game

"Desmatamento não é fator de progresso. É fator de atraso" Julio Moura presidente do Grupo Nueva

"70% das compensações feitas pelas empresas são puro marketing"
Sergio Abranches comentarista do Boletim Ecopolítica da Rádio CBN

"Temos pautado o mundo pela felicidade que vem do consumo. E ela é insustentável" Helio Mattar presidente do Instituto Akatu

"As promessas de empresas que não são cumpridas a gente chama de pensamento de enganar"
André Fernando Baniwa Diretor vice-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro

"Em 2050 vamos precisar de dois planetas se continuarmos a utilizá-lo da maneira como estamos usando agora"
Jason Clay vice-presidente do WWF

"O Ethos está deixando de lado o meio ambiente e se concentrando no social"
José Goldemberg membro do conselho deliberativo do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP

"A Amazônia é um continente habitado, não um deserto ver de"
João Paulo Capobianco secretário - exexutivo do Ministério do Meio Ambiente

"A responsabilidade social corporativa tem que ser substituída por uma única palavra: sustentabilidade"
Jason Clay Vice-Presidente do WWF

"O mundo pode gerar energia de que precisa reduzindo 50% de sua emissão e o Brasil pode gerar toda a energia de que precisa dentro do Brasil"
Marcelo Furtado Diretor de campanhas do Greenpeace na Brasil

"Só tem um jeito de fazer energia eólica: abre licitação, põe um preço e manda fazer" José Goldemberg

Desafios na mesa de discussão

Sociedade civil, governo e iniciativa privada, muitas vezes em rota de colisão, foram postos juntos em várias mesas da conferência. O painel temático da primeira manhã pôs lado a lado o presidente da Alcoa, Franklin Felder, dois representantes de ONGs que têm como foco a Amazônia, um índio e o secretário de Meio Ambiente do governo federal, João Paulo Capobianco.

O empresário preferiu centrar sua fala no que considera o maior desafio do momento para sua empresa: o projeto Juruti, no Pará (ver matéria na página 14) e deixou um leve resmungo no ar contra governo e ONGs - "Existe uma falta de robustez das instituições do local", afirmou - mas logo recuperou o tom diplomático, jogando a culpa na falta de recursos. As ONGs aproveitaram para comunicar alguns preocupantes indicadores: na Amazônia há 24% de área não florestal, 10% de desmatada, 14% de uma área que ainda pode ser produtiva e 52% de área florestal, avisou Alberto Veríssimo, da Imazon. E o representante do governo, secretário Capobianco, pôs o dedo na ferida, alertando para o desserviço prestado pelo preconceito que afasta sociedade civil e setor privado:

Se o ataque a uns e outros prevalece, eu não tenho diálogo com o setor que quer empreender. Se nós não rompemos com essa posição de antagonismo que se originou no passado, o diálogo não corre.

O índio Andre Baniwa, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, talvez tenha tido o discurso mais contundente da mesa. Denunciou o hábito de empresas que só prometem e não cumprem, disse que esse tipo de atitude precisa mudar.

O índio tem relação diferente com a natureza: fazemos manejo mas sem pensar só na produção e querer sabe só quanto que se vai ganhar.

Notícias da conferência

O Instituto Carvão Cidadão fez sua parte: nomeou 300 carvoarias entre Maranhão e Pará que mantêm funcionários em condições semelhantes às de trabalho escravo. A lista foi entregue para o poder público que, no entanto, até agora, não visitou nenhuma.

- O setor privado chegou ao limite de sua governança. Não tem poder de polícia, não pode fechar empresas - disse Patrícia Audi, da OIT do Brasil.

A formação de uma rede para ajudar os cariocas a tomarem conta da cidade foi anunciada no segundo dia de conferência.
Chama-se "Rio Como Vamos" e já tem adesão da Firjan, do Observatório de Favelas, do Iser, da Associação Comercial, do Instituto Ethos e será lançado oficialmente no Rio em 14 de agosto. A rede é semelhante à que foi criada em maio para São Paulo e que tem a intenção de torná-la uma cidade sustentável.

Só para lembrar: o dia 23 de setembro já é o dia nacional de andar sem carro, levado muito a sério em São Paulo. A idéia surgida na Conferência é que o Rio de Janeiro também abrace a causa.

O Instituto Ethos está entre as 40 organizações que formaram o Fórum pela Amazônia. A idéia é juntar as forças da sociedade para promover o diálogo e a cooperação e, sobretudo, segundo Ricardo Young, acabar com o discurso preservacionista sobre a Amazônia: Não podemos confundir respeito ao meio ambiente com o não desenvolvimento. Vimos comunidades tradicionais lá em Alter do Chão, no Pará, que existem há um século e têm internet com energia solar. Por que não? E só saber utilizar os recursos.

O Fórum pela Amazônia será oficialmente lançado em outubro.

O Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção está fazendo um ano, já tem mais de cem empresas inscritas e, durante a conferência, recebeu o apoio da Iniciativa de Parceria contra a Corrupção do Forum Econômico Mundial (Paci).

Valerie Weinzierl, representando o Paci, esteve numa mesa-redonda da conferência e explicou que, na prática, o Paci pratica a tolerância zero com a corrupção empresarial.

- Mas nós preferimos trabalhar focando as experiências boas. Não é nossa filosofia apontar os casos negativos - disse Valérie.

As empresas signatárias do Pacto Brasileiro, portanto, que operam fora do país vão poder assinar uma declaração de apoio aos princípios do Paci e estarão então comprometidas com a tolerância zero.

Bogotá reduziu a pobreza em quase 18%; reduziu a miséria em 10%; melhorou a qualidade da educação e diminuiu os principais índices de violência. Mas o meio ambiente e o transporte público ainda estão precisando de atenção na cidade. O balanço foi dado por Carlos Martinez, coordenador do Projeto "Bogotá Como Vamos" e administrador público. A chave do sucesso? A população concordou em aumentar 10% seus impostos e passou a monitorar as contas públicas com lupa.

E quando a gente pensa que já viu de tudo nesta vida... Há empresas estrangeiras vendendo como vantagem ao consumidor o fato de poderem realizar transações mais rapidamente porque não assinaram nenhum pacto global. O alerta foi feito por Maystadt, dono de um banco europeu .

Ampliando os valores para a cadeia produtiva
COPAGAZ comemora o sucesso de seu programa de workshops para os Revendedores

Por André Miranda

Num passo adiante da responsabilidade social, não basta se preocupar apenas com as ações da empresa. É necessário, sim, um acompanhamento de toda a cadeia produtiva. Foi pensando nisso que a Copagaz criou em outubro do ano passado o Programa de Adoção de Princípios Socioambientais (Paps), um projeto de transmissão dos valores da empresa distribuidora de gás GLP para todos os seus revendedores espalhadas pelo Brasil. E, agora, menos de um ano depois, o programa já começa a mostrar seus resultados positivos.
O primeiro passo do Paps foi a capacitação dos 14 gerentes regionais da empresa, realizada em dezembro. Depois, uma pesquisa foi feita com os cerca de 2.500 representantes para saber o que eles pensam sobre responsabilidade social. Foi exatamente a partir das respostas que workshops foram preparados.
- Dividimos o programa em regiões e iniciamos o contato com os revendedores em março, começando pela Grande São Paulo. Até o fim de agosto, esperamos terminar o workshop em todas as regiões. Explicamos para eles que queremos formar uma rede de valores que seja sustentável. Numa segunda fase queremos orientar os projetos dos revendedores e, até, entrar como parceiros - conta Elizete Paes, assessora da presidência e do comitê de responsabilidade social da Copagaz.
Durante os workshops, a empresa descobriu boas iniciativas de seus revendedores. Elizete conta que um representante de Mauá, por exemplo, já mantinha um projeto de reciclagem e teve que interrompê-lo por falta de verba. Mas, com as orientações da Copagaz, pode retomar sua ação social.
- O comparecimento dos representantes foi alto. Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, tivemos 100% de presença e a média no país foi de 70%.
Em alguns casos, nosso público é muito humilde. São empresas pequeninas, só o marido e a mulher trabalhando.
Às vezes não dá para deixar a revenda para ir aos workshops - explica Elizete. - Mas todos, sem exceção, receberam o material completo em casa.
Em Campo Grande mesmo, os resultados já começaram a aparecer. Lucimeire Figueiredo, dona da representante Tabebuia Gás, conta que já realizava um trabalho de ajuda a crianças portadoras de HIV, promovendo um projeto de integração de jovens da ONG Lar Esperança no Senhor à comunidade.
- Depois que apresentei a iniciativa no Paps, outro revendedor apareceu e doou uma ambulância para o Lar. O que eu faço parece pouco. Mas, se outros se juntarem, podemos transformar a sociedade - afirma ela.
José Pascowitch, consultor da Visão Sustentável, empresa que idealizou o Paps junto à Copagaz, lembra, ainda, que o público alcançado pelo projeto é de 20 mil pessoas, considerando os empregados dos revendedores e, até, os subrevendedores.
- Quando se cria um programa de transmissão de valores corporativos, a empresa está capacitando seu público.
É uma forma de passar adiante os valores que são naturais da empresa.
Questões como não aceitação de trabalho infantil ou a valorização do trabalho da mulher - afirma Pascowitch.
www.copagaz.com.br

O Globo, 02/07/2007, Razão Social, p. 14-18

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