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Viagem arqueológica pelo rio Babel

Amazonas em Tempo, Arte Final, p. D1
22 de Mai de 2007

Viagem arqueológica pelo rio Babel

Abre hoje (22) a mostra de filmes e vídeos "Visões do Rio Babel". O evento acontece até a sexta-feira (25), no Espaço Cultural Usina Chaminé (Centro). O encontro "Visões do Rio Babel, conversas sobre o futuro da bacia do Rio Negro", pretende abranger e refletir todas as questões relacionadas ao rio Negro, a partir de depoimentos de pessoas e instituições com diferentes vivências e perspectivas na Região, assim como recolher recomendações para ações coordenadas em rede a caminho do desenvolvimento regional sustentável com a valorização da diversidade sócio-ambiental.

"Esta mostra de filmes não quer fazer confusão, no sentido da raiz do significado da palavra Babel. Não temos a pretensão de criar uma torre de simbologias onde os homens não se entendem ao falarem várias línguas. O que desejamos é visualizar as várias visões sobre um mesmo lugar - o Rio Negro", afirma o curador da mostra e diretor de cinema, Aurélio Michiles. A mostra conta com os relatos, gravuras, fotografias e filmes de registros feitos em passagens pelo rio - uma viagem arqueológica das múltiplas visões sobre o rio Negro. "Aquela referência à Babel bíblica talvez esteja mais bem localizada se a situarmos no mundo contemporâneo, este que celebra o simulacro das imagens".

A bacia do Rio Negro é uma das regiões da Amazônia com altíssima diversidade sócio-ambiental, na qual os recursos naturais estão bastante conservados pelas populações nativas e tradicionais que aí vivem. Fruto de uma longa evolução histórico natural, a bacia do Rio Negro confina nos seus limites um conjunto de paisagens fósseis que parecem confirmar as importantes mudanças climáticas a que foram submetidos. Com a ocupação colonial, no século 18, seguida pela decadência do extrativismo e de seus patrões ao longo do século 20, se fez acompanhar pela consolidação de centros missionários na região.

Fronteira geopolítica
A partir dos anos 1980, considerada fronteira geopolítica estratégica, a região assistiu também a instalação progressiva de unidades de fronteira do Exército. Nos anos de 1990, surgem novas atividades econômicas no médio rio Negro, como a captura e comercialização de peixes ornamentais, a entrada da pesca esportiva e a implantação de hotéis de ecoturismo. E hoje, apesar de diversos programas governamentais e de ONGs voltados para o local, fica a pergunta: o que será da bacia do Rio Negro daqui a 50 anos?

É a resposta para esta pergunta que as autoridades discutirão entre as rodas de debate. João Paulo Capobianco (MMA), Virgílio Vianna (SDS/AM), Márcio Meira (FUNAI), Marilene Correa (UEA), Bonifácio José Baniwa (FEPI), Ciro Campos de Souza (INPA-RR), Dionito José de Souza Makuxi (coordenador do CIR de Roraima), Elaine Moreira (Universidade Federal de Roraima), Gregory Prang (ZSL & IDSM), Clarindo Chagas Campos Tariana (ASIBA de Barcelos), Davi Xirianá Kopenáwa Yanomami (Hutukara), Marcos Wesley (CCPY) são algumas das autoridades que irão fazer parte das discussões.

Abertura
Hoje, às 18h, acontece a mesa de abertura, com depoimentos de Milton Hatoum, Márcio Souza, José Ribamar Bessa e Aurélio Michiles, com mediação de Beto Ricardo (ISA). A partir das 20h há exibição do filmes Koch-Grünberg em Koimélemong (Brasil, Região Guayana, 9min), Rio Negro (produzido para o Globo Repórter de 1978, 30min), Davi contra Golias (10min) e Desana, Desana (90min). Na quarta-feira (23), a partir das 19h15, são exibidos os filmes Rio Negro - Missão de São Gabriel (dir. Major Luiz Thomaz Reis, p/b; silencioso, 17 min, 1927), Iauaretê -- Cachoeira das Onças (dir. Vincent Carelli, 2006, 48 min., documentário). A programação da quinta-feira (24), conta com o filme Kinja Iakaha - Um dia na aldeia (dir. e fotografia de Araduwá Waimiri, Iawusu Waimiri, Kabaha Waimiri, Sanapyty Atroari, Sawá Waimiri e Wamé Atroari, 40 min, 2003) e Chasseurs et Hasseurs et Chamans (dir. Raymond Depardon, França, 32 min, 2003). A partir das 8h30, na sexta-feira (25), acontece a palestra especial sobre mudanças climáticas e suas conseqüências para a Amazônia e rio Negro, com Carlos Nobre (INPE). Apresentações musicais e a exibição do filme Ajuricaba - O Rebelde da Amazônia (105 min) encerram o evento.

Amazonas em Tempo, 22/05/2007, Arte Final, p. D1

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