Verde oliva na oca

Verde-oliva na oca

Uiramutã, a pequena cidade de Roraima incrustada em Raposa do Sol, recebe hoje um batalhão jurídico a convite do Comando do Exército. Visitarão o Pelotão Especial de Fronteira e terão encontros, em separado, com lideranças indígenas contrárias e favoráveis à demarcação em forma contínua da reserva, o ministro Fernando Gonçalves, do STJ, Manoel Lauro Castilho, consultor-geral da União, Maia Éster Tavares, procuradora-geral da Justiça Militar, Péricles Queiroz, corregedor do Ministério Público Militar, Elia Bettero, procuradora regional da União, o presidente Aloísio Palmeira Lima e mais cinco desembargadores do Tribunal Federal da 1ª Região. Entre eles, Selene Maia de Almeida, relatora no julgamento, dia 13, da ação da Advocacia Geral da União que cassa a liminar que suspendeu a demarcação.
Ontem, em Brasília, o governador Flamarion Portela disse ao Informe que, fora o ministro Nelson Jobim, próximo presidente do STF, que visitou a cavalo as áreas a serem demarcadas, autoridades - incluindo Renan Calheiros, autor da portaria quando ministro da Justiça - nunca foram ver de perto o drama fundiário de seu Estado, que já tem 46,7% do território em reservas. Raposa do Sol terá 1,7 milhão de hectares, quase o Estado de Sergipe, para uma população de 15 mil índios. Os moradores da cidade que com a demarcação contínua terão de ser desalojados são 1.300. Portela acusa ONGs ligadas à Igreja Católica de serem irredutíveis em ceder 1% que seja para evitar o confronto. Vendo enorme divisão entre ministros, espera contar com o apoio dos militares que, acredita, promoveram o encontro preocupados com a grande extensão das fronteiras de Roraima - 980km com a Venezuela e 950km com a Guiana, que passariam, em parte, ao controle dos índios.

JB, 07/05/2004, Informe JB, p. A6