OESP, Metrópole, p. C3
24 de Jun de 2009
Venda de terrenos próximos da Billings ocorre sem restrições
No ABC, corretora disponibiliza lote a R$ 15 mil, ao lado da represa: 'É ideal para chácaras'
EDUARDO REINA
O comércio de terrenos no entorno da Represa Billings, nas cidades da região do ABC, é feito sem restrições, até mesmo em áreas com fundos para o manancial, localizadas em zonas que não poderiam ser ocupadas. Grande parte dos lotes à venda nem sequer tem registro em cartório. Isso provoca maior adensamento populacional em área de proteção ambiental e mais esgoto jogado diretamente nas águas. Em São Bernardo do Campo, que tem 60% da Billings em seu território, corretores alardeiam a qualidade de uma área de 5 mil m² chamada de "galinha morta", pela facilidade de compra a baixo custo. O terreno à venda, com fundos para a represa, fica no bairro de Riacho Grande e custa R$ 15 mil.
A corretora, que se identifica como Inês, diz que possui escritura do lote, mas não conseguiu identificar a planta na prefeitura. Ela garante que o local é legalizado e não há invasão. Durante conversa com a reportagem, Inês falou que, mesmo se o terreno esteja ocupado, "quem tem o direito sobre a terra é você". "Passa a primeira balsa, anda 15 quilômetros por estrada de terra e chega ao bairro. É o Parque Billings, com algumas casas, bem afastadas. Local ideal para se fazer uma chácara. Muito bom. Você não pode perder a oportunidade."
Em Diadema, áreas são ocupadas no bairro Eldorado há mais de 25 anos e seguem sem escritura. Um terreno custa mais de R$ 40 mil. "Antes, aqui era bom, com pouca gente. Hoje é casa sobre casa e morros onde as pessoas ficam penduradas umas sobre as outras", critica o morador Virgílio Farias. "Durante a vigência da Lei dos Mananciais houve muita invasão, incentivada pela especulação imobiliária e pela fome político-eleitoral. O Estado não desapropriou e a prefeitura transformou tudo em área urbana, para cobrar IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)."
Já um terreno no Parque Miami-Riviera, em Santo André, também à beira da represa, custa hoje entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. No chamado Corredor Polonês, na outra margem, junto à Rodovia Índio Tibiriçá, a degradação é visível. Vários loteamentos ilegais ganham corpo, como o Jardim Caçula. No extremo sul da capital, na Chácara Cantinho do Céu, um terreno de 125 m² custa pelo menos R$ 8 mil.
OESP, 24/06/2009, Metrópole, p. C3
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