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Venda de pinhao tira comida de animais em Campos do Jordao

FSP, Cotidiano, p.C5
07 de Ago de 2005

Prefeitura quer regulamentar coleta
Venda de pinhão tira comida de animais em Campos do Jordão
Fábio Amato
Da agência Folha, em São José dos Campos
A coleta indiscriminada do pinhão, semente da araucária usada na culinária, preocupa a administração de Campos do Jordão (167 km de São Paulo). O volume retirado das florestas por vendedores é tão grande -estima-se que de 40 toneladas a 60 toneladas sejam comercializadas por ano- que estaria até mesmo dificultando a alimentação dos animais.
O fenômeno é percebido pela presença cada vez mais comum em áreas urbanas da região de espécies que se alimentam de pinhão, como o macaco-prego e esquilos -indício de que estaria faltando alimento na mata, segundo especialistas que trabalham no Parque Estadual de Campos do Jordão, mais conhecido como Horto Florestal.
O comércio de pinhão nas cidades da serra da Mantiqueira está relacionado à questão social. Segundo a Prefeitura de Campos do Jordão, não há estatísticas sobre o número de pessoas -na maioria desempregados- que sobrevivem da venda do produto nem da quantidade retirada da mata. Calcula-se, entretanto, que entre 40 e 80 famílias atuem na coleta e na venda da semente na cidade.
De acordo com o secretário do Meio Ambiente do município, Rodrigo Veraldi Ismael, existe um projeto para disciplinar a coleta de pinhão. "A intenção é fazer um cadastro das pessoas que sobrevivem do pinhão. Apenas os desempregados e maiores de idade poderiam trabalhar na área. Quem não estiver cadastrado e for flagrado terá a mercadoria apreendida e poderá até mesmo pagar multa", disse ele.
O objetivo da portaria é fazer com que as pessoas cumpram uma determinação já prevista em lei estadual e que proíbe a coleta de pinhão até o dia 15 de abril de cada ano. É que de março a abril a pinha da araucária, uma espécie de cacho onde estão os pinhões, se desprende da árvore e, ao ser absorvida pela terra, é fecundada, gerando outra árvore. Se ocorrer a coleta das pinhas que caem no chão, e mesmo daquelas que continuam na árvore, menos sementes serão fecundadas.
A lei estabelece apenas multa, de R$ 11,58 por quilo, para quem transportar ou comercializar a semente antes da data.

FSP, 07/08/2005, p. C5 (Cotidiano)

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