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Vale suspende a venda de minério a guseiros do Pará

OESP, Economia, p. B21
23 de Ago de 2007

Vale suspende a venda de minério a guseiros do Pará
Cosipar e Usimar serão as primeiras atingidas pela nova regra da empresa de cortar o fornecimento a quem desrespeita leis ambientais

Alberto Komatsu

A Vale do Rio Doce comunicou ontem a interrupção do fornecimento de minério de ferro para a Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar) e Usina Siderúrgica de Marabá (Usimar) a partir de 1o de setembro. A mineradora afirma, baseada em ações civis públicas movidas pelo Ibama, que as duas siderúrgicas desrespeitaram leis ambientais na produção de ferro gusa, matéria-prima do aço. As duas empresas recebiam, juntas, em torno de 800 mil toneladas de minério por ano.

'As empresas para as quais estaremos cortando o fornecimento de minério a partir do dia 1o de setembro são as mais reincidentes em termos de infrações no Ibama, e também são as que têm demonstrado, na prática, menos atenção para a correção, por exemplo, da questão do reflorestamento', afirma o diretor-executivo de ferrosos da Vale, José Carlos Martins, por meio de nota.

De acordo com o executivo, a Vale fornece até 7 milhões de toneladas de minério para 12 siderúrgicas que produzem ferro gusa na região Norte e que exportam 100% de sua produção. Ele diz que há usinas que estão avançadas na questão ambiental e outras que operam por liminares. A Vale avalia a possibilidade de interromper o fornecimento para outras siderúrgicas que desrespeitam legislações ambientais e trabalhistas.

De acordo com o Ibama, além da Cosipar e Usimar, foram movidas ações civis públicas contra as siderúrgicas Ibérica e Simara, também do Pará.

O superintendente do Ibama no Pará, Anibal Pessoa Picanço, diz que a produção de ferro gusa requer grandes quantidades de carvão vegetal, muitas vezes extraído com o desmatamento de mata nativa do Pará. Segundo ele, nem todas as siderúrgicas têm um plano de replantio ou sustentabilidade.

Picanço relata que as quatro siderúrgicas, juntas, respondem por um déficit de 6,9 milhões de metros cúbicos de carvão vegetal - o equivalente a 55 mil carretas carregadas de madeira - usado para alimentar os altos-fornos que produzem o ferro gusa. A indenização total pedida para as quatro usinas é de R$ 832 milhões.

Somente a Cosipar, diz o executivo do Ibama, tem um déficit de 3,2 milhões de metros cúbicos e a indenização pedida foi de R$ 385 milhões.

Já a Usimar, acrescenta, responde por um déficit de 883,1 mil metros cúbicos de carvão vegetal, sendo que deverá ressarcir ao Ibama R$ 105,9 milhões. 'A Ibérica já procurou o Ibama e mostrou interesse em fazer um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)', afirmou.

A Cosipar informa, em comunicado, que ainda não foi citada sobre a ação civil pública ajuizada no Ministério Público Federal e Estadual, pelo Ibama. 'A Cosipar está recorrendo no âmbito administrativo sem qualquer conclusão do órgão. Com a decisão do Ibama de levar a questão para a esfera judicial, a empresa vai apresentar sua defesa quando for formalmente citada por determinação judicial, fato até o momento não ocorrido,' diz a empresa. A diretoria da Usimar foi procurada, mas não retornou as ligações.

OESP, 23/08/2007, Economia, p. B21

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