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Usinas pedem mais atenção ao etanol

OESP, Especial, p. H8
02 de Out de 2014

Usinas pedem mais atenção ao etanol
Política de incentivo ao biocombustível foi abandonada, gerando grave crise no setor

ANA COSTA - O Estado de S.Paulo

Em um universo de 435 usinas de açúcar e álcool no País, 44 foram fechadas na últimas 5 safras e outras 12 podem encerrar a moagem de cana em 2014/2015, extinguindo 100 mil postos de trabalho. "O endividamento dessas empresas equivale ao valor da produção de uma safra. Mais de 50 estão em recuperação judicial", aponta a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) complementa, dizendo que "a dívida líquida média das empresas sucroalcooleiras supera seu faturamento bruto anual; além disso, quase 15% da receita está comprometida com o pagamento de juros". É este o panorama desde que o setor sucroalcooleiro - e seu principal produto, o etanol combustível - foi preterido nas políticas energéticas.
Sem lucro. Segundo a Unica, companhias de grande porte já sinalizam a disposição de deixar a atividade. "O que atrai o empresário é o lucro, e para que isso volte a acontecer tem que resolver a questão do etanol hidratado (aquele vendido ao consumidor nos postos de combustível)", afirma Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica. Para ele, políticas que definam e mantenham a participação do etanol hidratado na matriz nacional de combustíveis resolveriam 90% dos problemas do segmento. O caso do etanol anidro (que é misturado à gasolina), justifica Pádua, já é um mercado regulado e inserido na matriz de combustíveis do Brasil. Para resolver a questão do hidratado, o diretor comenta que "a primeira regra é transparência na formação do preço da gasolina. Sem uma regra clara de como a gasolina - que concorre diretamente com o hidratado - vai se comportar nas próximas décadas, fica difícil investir nesse mercado", diz.
Imposto. A partir do conhecimento da política de preços da Petrobrás, a Unica defende um imposto que diferencie o etanol da gasolina, como foi o caso da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). O tributo, que vigorou até 2008, inseria R$ 0,28 por litro na venda da gasolina pura pela refinaria. A volta da Cide é a principal reivindicação do setor. "Esses R$ 0,28 é que fizeram com que fossem instaladas de 2004 a 2008 mais de cem usinas no País. A política de valorização do etanol hidratado foi abandonada", diz.
Segundo o diretor, tendo mais canaviais, a cogeração de energia é consequência, tornando a matriz energética brasileira mais renovável ainda."É muito difícil, porém, expandir a oferta de energia a partir da biomassa da cana, sem expansão de canaviais", diz Pádua. "E essa expansão só ocorrerá com incentivo ao etanol hidratado."
Biodiesel. Já o setor de biodiesel - outro biocombustível, feito a partir de óleo de soja, sebo bovino, óleo de algodão, e óleo de cozinha - propõe que a mistura do biodiesel ao diesel atinja 10%, ante 7% atualmente. "Isso reduziria enormemente o custo da saúde pública, por causa da poluição menor", defende o diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Júlio Minelli.

OESP, 02/10/2014, Especial, p. H8

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