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Usina quase pronta

CB, Cidades, p.25
21 de Ago de 2004

Usina quase pronta
Com funcionamento previsto para 2005, Corumbá IV vai afastar o riso de crise no
Abastecimento de água no Distrito Federal e garantir o fornecimento constante na área central

Renato Alves
Da equipe do Correio
A usina de Corumbá IV começa a gerar energia para o Distrito Federal e cidades goianas do Entorno em julho do ano que vem. 0 início do enchimento do lago da hidrelétrica, em Luziânia (GO), está marcado para l de outubro. O reservatório ocupará uma área cinco vezes maior do que o Lago Paranoá, em terras de mais quatro municípios de Goiás. E deve estar completamente cheio no fim de abril.
O cronograma foi divulgado ontem durante visita dos governadores do DF, Joaquim Roriz (PMDB), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ao canteiro de obras, distante 105 km de Brasília. Além deles, estiveram presentes outras autoridades de Brasília, Goiás e empresários das duas unidades da Federação. Entre eles, o senador Paulo Octávio e o deputado federal José Roberto Arruda, ambos do PFL-DF.
Mais do que a geração de energia elétrica, Roriz destacou a importância da usina para o abastecimento de água do Distrito Federal. "Essa obra vai garantir água para o Distrito Federal e o Entorno nos próximos 100 anos", afirmou.
A construção de Corumbá IV foi motivada pela possibilidade de colapso na captação de água para a região em menos de 10 anos. 0 Plano Diretor de Água e Esgotos, feito pela Companhia de Saneamento do DF (Caesb) no ano passado, apontou que a atual demanda por água no DF está em torno de 6 mil litros/segundo e a produção em cerca de 10 mil litros/segundo. Ele estimou que, em 2010, a demanda será de 9 mil e 500 litros/s e, em 2030,16 mil litros/s, para uma população de 3,2 milhões de pessoas.
A represa de Corumbá IV garantirá cerca de 120 mil litros/segundo de água. Isso significa multiplicar por 12 vezes a atual capacidade de produção de água do DE Para a concretização da obra, o GDF e o governo de Goiás despoluíram a Bacia do Rio Corumbá, que começa em terras goianas e termina em Brasília.
Independência
A usina terá uma potência de 127 megawatts de energia. 0 suficiente para atender 13% da demanda atual do DE Com isso, Brasília ganhará uma certa autonomia. A energia elétrica produzida em Corumbá IV chegará à capital por meio de uma linha independente, com 40 km de extensão, da usina até a subestação da Companhia Energética de Brasília (CEB) em Santa Maria.
O sistema de abastecimento de energia elétrica no Brasil é todo interligado por meio de Furnas. Uma pane em algum ponto da rede pode provocar blecaute em boa parte do país. Com Corumbá IV, pelo menos a área central de Brasília terá energia garantida caso haja algum problema no sistema de Furnas. "Isso é fundamental para a segurança nacional, pois o poder central da Nação terá o abastecimento ininterrupto", explica o presidente da CEB, Rogério Villas Boas.
Com um custo estimado em R$ 500 milhões - 70% financiados pelo BNDES - Corumbá IV é o maior projeto de engenharia do tipo aproveitamento múltiplo em construção no país e o primeiro que une os governos do DF e de Goiás para viabilizar o desenvolvimento econômico e social da região do Entorno.
Os dois governadores acreditam em um salto econômico nas cidades próximas do lago, que terá 173 km2 e ocupará parte dos territórios de Luziânia, Santo Antônio do Descoberto, Alexânia, Abadiânia e Silvânia. "Será um fomento para o turismo da região", disse Perillo. "Teremos em volta do lago pousadas e hotéis cinco estrelas", aposta Roriz.
Paulo Octávio e Arruda destacaram a integração do DF com Goiás. "Corumbá IV vai atender moradores do Entorno -que trabalham em Brasília. Uma gente que merece nossa total atenção", ressaltou o senador. "Essa obra prepara Brasília e o Entorno para o futuro e reforça a Ride (Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno) ", acrescentou o deputado. A Ride engloba 21 municípios de Goiás e Minas Gerais que circundam o Distrito Federal.
Os dois geradores da usina estão sendo montados pela empresa alemã Voith Siemens. Cerca de 800 pessoas trabalham na obra atualmente. Ela chegou a ter mil operários de uma vez. Mas quando ficar pronta, terá apenas seis na manutenção, além dos vigilantes, já que sua operação será toda automatizada.

Ibama é criticado
A visita de Marconi Perillo ao canteiro de obras de Corumbá IV foi rápida. Alegando outros compromissos, o governador de Goiás apenas posou para fotos ao lado de Joaquim Roriz em partes concluídas da hidrelétrica. Ele não levou seus secretários de Estado e sequer foi ao estande montado para um almoço que reuniu as políticos e empresários brasilienses.
Roriz, ao contrário do colega de Goiás, passeou por toda a obra, fez questão de almoçar com os convidados e não economizou nas palavras em seu discurso..0 evento foi prestigiado por quase todos os integrantes do primeiro escalão do GDF. Além de ressaltar a importância de Corumbá IV, o governador falou das dificuldades enfrentadas para concluir a obra. Principalmente dos entraves ambientais.
Como em outras solenidades, o governador do DF fez críticas diretas às exigências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "Se o Ibama não me criasse tanto problema, eu já estava asfaltando daqui (da usina) até Brasília. Tudo bem, eu entendo o papel deles", disse Roriz.
As obras de Corumbá IV começaram em setembro de 2001 e estavam previstas para ser concluídas em três anos. No entanto, os construtores enfrentam problemas para levar a obra no ritmo que planejaram. Eles foram obrigados pela Justiça a substituir a licença de instalação, concedida pela Agência Ambiental de Goiás, por outra do Ibama.
Com a mudança do órgão ambiental fiscalizador, a Corumbá Concessões teve de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público Federal e o MP de Goiás. A empresa se comprometeu a enviar informações ao Ibama para a concessão da nova licença. Por isso, teve de tocar as obras em ritmo mais lento.

Cronograma
1 o de outubro de 2004: começo do enchimento da represa
25 de abril de 2005: inundação completa do reservatório
Julho ou agosto de 2005: início da geração de energia

OS NÚMEROS DA OBRA
Potência elétrica: 127 megawatts Energia para o DF: 13% da demanda atual Área do reservatório: 173 km2 (cinco vezes o Lago Paranoá) Capacidade de abastecimento de água: 40 milhões de pessoas Garantia de água para o DF e Entorno: 100 anos Quantidade de concreto: 90 mil m2 quatro estádios do Maracanã) Cumprimento da barragem: 1.290 metros Valor da obra: R$ 500 milhões

CB, 21/08/2004, p. 25

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