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US$ 110 mi do BNDES para conter desmate

OESP, Vida, p. A18
03 de Abr de 2009

US$ 110 mi do BNDES para conter desmate
Recursos do banco oficiai atraem interesse de produtores e ONGs

Eduardo Nunomura

O BNDES tem US$ 110 milhões para gastar em ações que reduzam o desmatamento amazônico. Até 2015, o valor pode superar US$ 1 bilhão, proveniente de doação da Noruega. E é de olho nesse dinheiro que governos, organizações não governamentais e iniciativa privada começam a falar o mesmo idioma. O Fundo da Amazônia, criado com doações, deve permitir que a lógica da destruição da biodiversidade mude para o modelo de receber para manter a floresta em pé.
Na conferência Katoomba, encerrada ontem em Cuiabá (MT), o chefe do departamento de gestão do fundo do BNDES, Eduardo Bandeira de Mello, saiu carregado de cartões de produtores rurais, secretários municipais de ambiente e ONGs interessados em se aproximar do "gerente do banco amazônico". Em quase todos, surgiu a palavra Redd. É a sigla para Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação. Funciona mais ou menos assim: um poluidor do outro lado do mundo poderá compensar suas emissões comprando créditos Redd. A Amazônia pode ofertar muitos desses créditos. E esse será um dos instrumentos de barganhado governo brasileiro na discussão, que ocorrerá em dezembro em Copenhague, do novo acordo climático que substituirá o protocolo de Kyoto.
O BNDES recebeu até agora 25 consultas para projetos de Redd, que incluem programas de conservação da floresta. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, por exemplo, deve receber verba do Fundo da Amazônia para antecipar o lançamento de dois satélites de monitoramento ambiental.
No noroeste de Mato Grosso, o Instituto Centro de Vida (ICV) elabora com sete prefeituras um projeto de Redd para uma área de 8,6 milhões de hectares. Segundo o seu coordenador adjunto, Laurent Micol, é imprescindível a formação de um pacto com cidades e produtores. "Todo mundo vai ter projetos Redd", diz Tasso Azevedo, do Serviço Florestal Brasileiro. A partir da próxima semana, ele assessora o ministro Carlos Mine, nas discussões do Redd e do fundo. Tasso estava na reunião do G-20, em Londres, onde surgiu consenso de que será preciso doar de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões a países detentores de floresta tropical por dez anos.
- O repórter viajou a convite do Instituto Centro de Vida

OESP, 03/04/2009, Vida, p. A18

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