Bastidores do Poder-Cuiabá-MT
03 de Jul de 2001
Mato Grosso é um Estado pluricultural e multilingüistico. Abriga nada menos do que 35 sociedades indígenas. Cada uma delas com suas especificidades e visão de mundo. A oferta de um ensino capaz de valorizar tanta diversidade fez nascer uma proposta de educação indígena com os olhos voltados para as demandas e singularidades culturais de cada povo. Assim, em 1996, surgiu o Projeto Tucum da Secretaria estadual de Educação que já formou 200 professores indígenas em nível de magistério. Agora, o programa de educação escolar indígena se consolida com a implantação de três cursos de licenciatura específicos para professores indígenas, no campus da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), de Barra do Bugres.
Para colocar essa idéia em prática, o Governo do Estado, através da Secretaria estadual de Educação, está investindo recursos da ordem de R$ 3 milhões, a serem gastos no decorrer dos cinco anos do projeto. A Seduc repassa os recursos para a Unemat, que executa o projeto, e a Fundação Nacional do Índio (Funai) vai transportar os alunos das aldeias até Barra do Bugres. O projeto para a formação de professores indígenas oferece cursos superiores em três áreas: Ciências Matemáticas e da Natureza; Ciências Sociais; e Línguas, Artes e Literatura. Atende 200 professores indígenas, sendo 180 de Mato Grosso, distribuídos em 102 aldeias, e 20 índios, de 14 aldeias de outros Estados.
Os cursos de licenciatura visam a formação e habilitação de professores indígenas para o exercício docente no ensino fundamental e em dez disciplinas específicas do ensino médio. Para o secretário de Estado de Educação, deputado Carlão Nascimento, a realização desse projeto é um marco na política pública da educação indígena. Essa é uma experiência inédita no Brasil e na América do Sul. "Está sendo dado o primeiro passo para futuramente se instalar uma universidade indígena em Mato Grosso. Os cursos do terceiro grau são voltados especificamente para a formação de professores índios em áreas do conhecimento que atendam aos seus interesses étnicos, preservando a identidade cultural indígena", destaca Carlão Nascimento.
O projeto do Terceiro Grau Indígena está sendo implantado depois de dois anos de discussões e elaboração do anteprojeto, por uma comissão paritária e participação de comunidades indígenas. "É o resgate da dívida que a sociedade tem com os povos indígenas", frisou o secretário. Os cursos obedecerão a um regime seriado especial, e serão desenvolvidos de forma intensiva e presencial nos períodos de férias e recessos escolares, com atividades cooperadas entre docentes e cursistas nos períodos em que estiverem ministrando aulas nas escolas indígenas.
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