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Universidade indígena abre portas em julho

A Gazeta - Cuiabá - MT
Autor: Keka Werneck
14 de Jan de 2001

Há um burburinho nas aldeias. As auIas da primeira Universidade Indígena da América do Sul, com sede em Barra do Bugres, Mato Grosso, começam em julho deste ano.
Esta será uma experiência incrível não só para os 200 professores índios que vão, enfim, ter acesso ao ensino superior. Mas para professores de universidades renomadas do país inteiro, que foram atraídos a participar desta prática ímpar, como forrnigas atrás de néctar. Alguns não estão exigindo salário. Tudo pela impagável troca de vivências.
A Universidade Indígena de Mato Grosso está abrindo vagas para 180 professores índios de Mato Grosso e 20 de outros estados e países da América Latina. Um vestibular especial está marcado para março.
Os candidatos poderão optar pelos cursos de Ciências Matemáticas e da Natureza, Ciências Sociais e Linguagem - Literatura e Artes. Além desses três cursos, já está em estudo a implementação de cursos específicos nas áreas de Direito e Pedagogia Indígena. Existe também a expectativa de oferta de cursos superiores nas áreas de Economia Indígena, Administração de Recursos Naturais, Saúde e Nutrição, além de cursos abertos de Puericultura, Formação de Lideranças e Relações de Gêneros.
A Universidade Indígena é, antes de tudo, um apelo dos próprios índios. "A civilização ocidental destruiu com tudo o que nós tínhamos. Temos que nos fortalecer de todas as formas", esbraveja a descendente dos Parecis, Francisca Novantina, do Conselho de Educação Escolar Indígena, órgão ligado à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), justificando a iniciativa.
"É impossível manter sociedades isoladas no mundo globalizado", afirma o historiador Elias Renato Januário, espécie de reitor da Universidade Indígena. "Os índios têm que se preparar sempre para o contato", pondera. ,
A Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) executa o projeto e a Fundação Nacional do Índio (Funai) vai transportar os alunos das aldeias até Barra do Bugres. Os cinco primeiros anos têm um custo orçado em R$ 3 milhões.

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