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União endurece e tensão cresce em reserva em RR

FSP, Brasil, p. A13
30 de Abr de 2005

União endurece e tensão cresce em reserva em RR
Reféns são mantidos

José Maschio

O endurecimento, pelo governo, nas negociações de ontem em Boa Vista (RR) com a Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios do Norte de Roraima) pode levar a um desfecho imprevisível a tentativa de libertação dos quatro policiais federais mantidos reféns há oito dias na comunidade do Flechal, próximo a Uiramutã.
As lideranças da Sodiur, que protestam contra a homologação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol em área contínua, esperavam que os representantes do governo federal concordassem em analisar sua lista de reivindicações. Depois disso, seriam iniciadas as negociações para a libertação dos reféns.
A posição da comitiva que representa o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -assessores da Casa Civil, do Gabinete de Segurança Institucional e do Ministério da Justiça- foi clara e inegociável: só aceitariam discutir reivindicações após a libertação do delegado federal Alexander Biegas e dos três agentes federais.
A reunião foi tensa. Ao final dela, ficou decidido que os índios iriam até a comunidade do Flechal, no município de Uiramutã (324 km ao norte de Boa Vista) explicar a situação aos tuxauas (líderes) e guerreiros que mantêm os policiais federais retidos.
O presidente da Sodiur, José Novais Pereira da Silva, 43, disse que iria pedir uma decisão dos índios reunidos no Flechal. "Só eles podem decidir. Vamos ver o que será resolvido", disse. Mas a posição dos tuxauas presentes à reunião já mostrava uma divisão. Enquanto os dirigentes da Sodiur buscavam, claramente, uma "saída honrosa" para a libertação dos reféns, os tuxauas -que possuem guerreiros na área- se mostravam inflexíveis.
É o caso do tuxaua Danilo Roberto Afonso, 54, líder da maloca Monte Muriá 2o. Ele deslocou 38 guerreiros de sua comunidade, de 208 pessoas, e disse que havia determinado a eles que "o momento é para a briga". "Vamos guerrear se não respeitarem nossa casa."
"O governo não vai tolerar [ilegalidade]. Está tendo disposição de negociar porque envolve índios. Mas, se fossem só cidadãos, o governo já teria agido. Como envolve índios, [o assunto] precisa ser tratado com mais cuidado", disse o ministro José Dirceu (Casa Civil) ontem em Montevidéu.
Colaborou Silvana Arantes, enviada especial a Montevidéu

FSP, 30/04/2005, Brasil, p. A13

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