UNB-Brasília-DF
10 de Mar de 2004
Os números da Funai - Fundação Nacional do Índio refletem uma triste realidade brasileira: apenas cinco mil índios concluem o ensino médio - isso representa 1,36% de toda a população indígena brasileira estimada em 368 mil no ano 2000, quando foi feito o último levantamento oficial. Desses, apenas mil ingressam no ensino superior, o que representa 0,36% do mesmo total.
Para tentar reverter esse quadro, a UnB - Universidade de Brasília e a Funai assinam nesta sexta-feira, dia 12 de março, às 14h30, na sede da Funai, em Brasília (DF), um convênio que prevê a formação e qualificação de profissionais indígenas. A ação - que faz parte do programa de Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial da UnB - abre 15 vagas para índios que já estão cursando nível superior em escolas particulares de Brasília ou do Entorno. A assinatura do convênio será no auditório Gilberto Pinto, na sede da Funai em Brasília.
"Verificou-se a crescente parcela de indígenas, assim como negros e pessoas de baixa renda, que não têm acesso ao ensino médio e superior de qualidade", justifica, o vice-reitor da UnB, Timothy Mulholland. A decisão de oferecer vagas para índios foi aprovada juntamente com a proposta de criação de cotas para negros na UnB. Esses últimos terão, a partir do 2o vestibular de 2004, 20% de todas as vagas oferecidas pela universidade. Aos índios, caberá um número específico de vagas decidido a cada semestre.
A Funai ficará responsável por indicar os candidatos e os cursos que atendam a essa demanda. Além disso, a fundação oferecerá transporte a todos os alunos e a concessão de três tipos de bolsas para os estudantes que não residam em Brasília: Bolsa Categoria A (R$ 900,00) que prevê hospedagem, alimentação, transporte e apoio escolar; Bolsa Categoria B (R$ 260,00) para alimentação, transporte e apoio escolar e a Bolsa Categoria C (R$ 150,00) para o transporte e apoio escolar.
Os estudantes passarão por uma prova de seleção (objetiva) de conhecimento gerais, matemática e língua portuguesa, no próximo sábado (13). Para serem aprovados, eles devem atingir uma pontuação mínima. A prova tem as mesmas características da transferência facultativa - processo seletivo por que passam os alunos de outras instituições de ensino que querem ingressar na UnB com parte do curso concluída.
Os candidatos aprovados já começam a estudar no primeiro semestre de 2004, a se iniciar na próxima segunda-feira, dia 15 de março. Os estudantes indígenas, além do curso de graduação, contarão com apoio psicológico, pedagógico.
"Em conjunto com a Funai, vamos divulgar, ainda mais, o programa nas comunidades indígenas brasileiras. A previsão é que sejam disponibilizadas dez vagas por semestre", conta o vice-reitor. As 15 primeiras vagas serão ocupadas por índios de tribos do Norte, Norte, Centro-Oeste e uma do Sul, entre elas Xavante, Pataxó, Tukano, Macuxi e Pankararu. Segundo ele, a expectativa é que os índios capacitados pela UnB regressem às suas aldeias e comunidades e apliquem os conhecimentos para a melhoria da condição de vida dessas populações
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