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Uma Ouvidoria contra ataques e ocupações

O Estado de S. Paulo-SP
Autor: Carlos Souliê Amaral
04 de Nov de 2001

Ataques de índios contra fazendas abriram discussão sobre criação de um órgão de controle

A ameaça de novos ataques por parte dos índios guaranis e terenas contra fazendeiros e colonos, no Mato Grosso do Sul, levantou a proposta de criação de uma Ouvidoria Indígena, nos moldes da Ouvidoria Agrária que vem tratando, com bons resultados, dos problemas fundiários do Estado. A proposta foi debatida na quarta-feira entre membros da Fundação Nacional do Índio (Funai), do governo estadual, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e do Conselho Indígena. Ficou definido que a Funai e o governo do Estado vão firmar um convênio para agilizar a demarcação de terras. A ouvidoria será criada em seguida. "Os ataques, protestos e reivindicações de grupos indígenas em todo o País, visando à conquista de terras produtivas, seguem as táticas desenvolvidas e aplicadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST); se estes foram guiados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), agora a orientação emana do Cimi", afirma o deputado estadual José Teixeira (PFL). Tanto a CPT quanto o Cimi são órgãos auxiliares de política-executiva da Igreja Católica. Curiosamente, o MST nasceu a partir de um despejo de pequenos agricultores do Rio Grande do Sul estabelecidos em terras reclamadas pelos caingangues, na região do antigo Território das Missões, norte do Estado. Os desalojados acamparam na Encruzilhada Natalino e reivindicaram a área da fazenda Anoni para retomar suas atividades e recompor suas vidas. Isso foi no tempo do governo Geisel. Um grupo de seminaristas, entre os quais se perfilava João Pedro Stédile, prestou auxílio aos agricultores despejados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e, mais tarde, passou a liderar grupos diferentes até realizar, em 1986, no governo Sarney, o primeiro Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Curitiba. Pregação - Atualmente, não interessa mais ao MST a luta pela terra. O governo FHC assentou milhares de famílias superando, com seu programa de reforma agrária, a soma de tudo o que se fez antes dele. O MST definiu-se pela luta política revolucionária, por meio da mobilização de massas e da pregação marxista, mantendo de pé a prática de invadir e depredar propriedades públicas ou privadas, bloquear estradas e atuar no meio universitário para chamar a atenção da mídia e veicular mensagens que mantenham viva "a chama revolucionária", conforme definem os manuais dos seus cursos de formação de militantes.

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