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Uma nova causa social para os estudantes

CB, Brasil, p.15
18 de Jan de 2005

Uma nova causa social para os estudantes
Sandro Lima
Enviado especial
Uma bandeira para os estudantes universitários. Foi assim que o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta, resumiu a importância do Projeto Rondon em uma época em que o movimento estudantil anda desmotivado e sem poder de atração. É importante (o projeto) para dar uma nova causa aos estudantes, disse Petta.
Ao contrário do que ocorreu na ditadura militar e nos primeiros anos de redemocratização, atualmente as Forças Armadas e a UNE têm boas relações e trabalham juntas. Hoje, o momento é outro, avaliou Petta. O presidente da UNE ressaltou o caráter social e educacional do Projeto Rondon, que ajudará centenas de pessoas. Segundo ele, a UNE vai pressionar o governo federal, especialmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a adotar políticas sociais permanentes para a região amazônica.
A UNE também pedirá ao governo que se empenhe ao máximo para levar adiante as propostas que serão sugeridas pelos alunos para melhorar a vida das populações indígenas e ribeirinhas. A pressão da entidade já gerou resultados positivos. No início do ano passado, em uma audiência com o presidente Lula no Palácio do Planalto, a diretoria da UNE solicitou ao presidente a retomada do Projeto Rondon. Amanhã, o projeto será relançado oficialmente pelo próprio presidente, que há quase um ano acatou o pedido.
Sobre a intenção dos militares de tornar o projeto um contraponto à ação das organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras na Amazônia, a UNE considera a idéia positiva. Defender e preservar a região amazônica é fundamental. Há muitas ONGs estrangeiras que estão atuando na Amazônia contra os interesses do país, afirmou Petta.
Dificuldades
Foi com um forte ruído de corneta que os estudantes do Projeto Rondon acordaram às 5h da manhã. Depois do café, e ainda com muito sono, os universitários foram levados para o Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs) para receber treinamento de sobrevivência na selva amazônica. Até às 11h, eles receberam instruções teóricas sobre como portar-se na selva, quais frutas podem ser comidas e onde se pode encontrar água.
Os alunos também foram esclarecidos sobre como abordar as comunidades indígenas e ribeirinhas para não gerar conflitos ou constrangimentos. Após as explicações, houve uma rápida folga para que os estudantes tirassem fotos com uma onça-pintada que vive no Cigs. Depois, todos partiram para uma caminhada de 850 metros pela mata. O que mais se ouvia no caminho era o barulho de spray dos repelentes de mosquito.
Durante o percurso, que durou cerca de meia hora, os sorrisos e a empolgação dos dois primeiros dias deram lugar a expressões cansadas. O que mais se escutava, com sotaques do sul e do nordeste, eram reclamações do calor, dos mosquitos e da fome.
Hoje, as 40 equipes serão deslocadas para 11 municípios e dois distritos e iniciarão o trabalho de campo. O grupo da Universidade de Brasília irá para Fonte Boa e a equipe da Universidade Católica de Brasília, para Coari.
CB, 18/01/2005, p. 15

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