O Globo, Ciência, p. 33
26 de Jun de 2009
Um terço dos tubarões já está em extinção
Desaparecimento do predador causará desequilíbrio nos mares e tragédia ambiental
Pela primeira vez, biólogos e conservacionistas estimaram a população das 64 espécies de tubarão em todos os oceanos. E descobriram que nada menos do que um terço deles corre perigo de desaparecer em pouco tempo. A principal causa é a pesca. O maior predador dos mares é indefeso frente aos pescadores.
Temido e odiado por muita gente, o tubarão é essencial ao equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Ele está no topo da cadeia alimentar dos oceanos e o declínio da população de tantas espécies poderá causar uma verdadeira tragédia ambiental. Além disso, lembram conservacionistas, a fama de devorador de gente é injusta.
De acordo com o estudo do Grupo de Especialistas em Tubarões da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), a percentagem de tubarões ameaçados de extinção é maior para as espécies capturadas por barcos em altomar (52%).
- A vulnerabilidade e grandes migrações da maior parte dos tubarões requer medidas internacionais de conservação - diz Sonja Fordham, vicepresidente do Grupo de Especialistas em Tubarões da UICN e Diretora de Política da Aliança pelo Tubarão.
Consumo de nadadeira aumenta o perigo
Muitos desses peixes ficam presos em armadilhas de atum e peixe-espada lançadas por pescadores. Antes acidental, a captura dos tubarões encontra um novo mercado de comércio de sua carne e nadadeiras, especialmente na Ásia. Para atender à essa demanda, as nadadeiras são cortadas e o resto do peixe é jogado de volta ao mar. As restrições a essa prática são ineficazes.
E os tubarões são particularmente sensíveis à sobrepesca, devido à sua maturidade sexual tardia e baixa fecundidade. Mesmo as espécies mais conhecidas e temidas de tubarão estão em risco de extinção. A lista inclui o grande tubarão branco, o tigre e duas espécies de tubarão martelo. Estão lá também o mako e o tubarão de nadadeira branca. O tubarão mais comum do mundo é o tubarão azul. Ele é a espécie de maior interesse comercial e também está em risco.
O Globo, 26/06/2009, Ciência, p. 33
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