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Um mundo irreconhecível em 2050

O Globo, Ciência, p. 26
22 de Fev de 2011

Um mundo irreconhecível em 2050
População de 9 bilhões, aquecimento e escassez de comida mudarão Terra

Uma população crescente competindo por recursos cada vez mais escassos, num mundo mais quente, tornará o planeta Terra, em 2050, "irreconhecível" pelos padrões atuais, segundo alertaram pesquisadores reunidos nos EUA, na conferência anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).
As Nações Unidas prevêem que a população global baterá a marca de 7 bilhões ainda este ano e chegará a 9 bilhões em 2050, "com praticamente todo o crescimento registrado em países pobres, particularmente da África e do sul da Ásia", conforme assinalou John Bongaarts, da instituição sem fins lucrativos Conselho Populacional.

O mesmo volume de comida dos últimos 8 mil anos

Para alimentar todas essas bocas, seria preciso produzir, ao longo dos próximos 40 anos, a mesma quantidade de comida que produzimos nos últimos 8 mil anos, segundo Jason Clay, do World Wildlife Fund, que participa do encontro.
- Se a tendência continuar, em 2050 o que nos restará será um planeta irreconhecível - afirmou Clay.
A crescente população vai exacerbar problemas já existentes, como a degradação dos recursos naturais, segundo apontou o diretor da Iniciativa em Pesquisa Populacional, da Universidade do Estado de Ohio, John Casterline.
A renda também tende a subir nos próximos 40 anos - triplicando globalmente e quintuplicando nos países ricos -, pressionando ainda mais os estoques mundiais de alimentos. À medida que seus ganhos aumentam, as pessoas tendem a comer melhor, consumindo mais carne, por exemplo, do que quando ganham menos, explicam especialistas.
São gastos cerca de 3,5 quilos de grãos para produzir meio quilo de carne e cerca de 1,5 quilo para produzir meio quilo de queijo ou ovos - vale lembrar que os grãos, em geral, são usados na alimentação dos animais.
- Mais gente, mais dinheiro, mais consumo, mas o mesmo planeta - resumiu Clay, exortando cientistas e autoridades governamentais a começar a propor, desde já, mudanças na forma de produção dos alimentos.
Especialistas em crescimento populacional, por sua vez, pediram mais fundos para programas de planejamento familiar para ajudar a controlar o aumento do número de nascimentos, especialmente nos países em desenvolvimento.
- Por 20 anos, houve muito pouco investimento em planejamento familiar, mas o interesse está voltando agora, em parte por causa de fatores ambientais, como o aquecimento global - afirmou Casterline.

O Globo, 22/02/2011, Ciência, p. 26

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