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Ufra aposta em práticas sustentáveis na Amazônia

Notícias da Amazônia - www.noticiasdaamazonia.com.br
01 de Dez de 2010

No ano internacional da biodiversidade, ainda existem pessoas enfrentando problemas de desnutrição em um dos lugares mais biodiversos do mundo, na Amazônia.

Tudo o que a floresta oferece para a alimentação e sobrevivência se choca com a realidade de algumas comunidades ribeirinhas, que convivem diariamente com o abandono e a insegurança alimentar, caso da Ilha das Onças, localizada no município de Barcarena. Diante desta situação, a Universidade Federal Rural da Amazônia - Ufra criou um projeto chamado "Peixe Vivo da Amazônia: Aquicultura e Meliponicultura na Região Insular de Belém", que incentiva e orienta as famílias a práticas sustentáveis.

O projeto é uma iniciativa dos alunos de Engenharia de Pesca, sob coordenação da professora Vania Neu, do Instituto Socioambiental e de Recursos Hidricos - ISARH, e foi um dos 16 selecionados para participar da fase nacional do Prêmio Santander Universidade Solidária, que premia os melhores projetos de extensão do Brasil. O projeto conta com o apoio da Embrapa Amazônia Oriental e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA.

No imaginário popular, existe uma Amazônia majestosa e imutável, mas na realidade existe também uma outra Amazônia, enfrentando problemas como a desnutrição, que afeta índios e, no caso da Ilha das Onças, ribeirinhos. A floresta não é atemporal e seus recursos menos ainda. "Essa comunidade, apesar de viver em um lugar biodiverso, sofre dificuldades que ninguém imagina, é algo muito triste", diz a professora Vania que acredita que a sustentabilidade é a principal solução para o problema de insegurança alimentar da região.

Peixe e açaí são a base alimentar e financeira da Ilha das Onças. Porém, na época da entressafra do açaí, parte da comunidade passa por sérias dificuldades financeiras e alimentares. Segundo Vania, a ideia do projeto é construir viveiros para a criação do tambaqui e um meliponário em cada propriedade, para criação de abelhas indígenas sem ferrão, a uruçu-amarela.

A meliponicultura, ou seja, a criação de abelhas nativas sem ferrão, aumenta a polinização e a produtividade dos açaizais, vira uma fonte de renda extra com a produção de mel. O açaí é o principal produto explorado na Ilha das Onças, gerando renda as populações ribeirinhas. Apesar das grandes áreas de açaizais, existe uma queda significativa da produtividade. O principal fator responsável por esta queda é a redução dos polinizadores desta palmeira, que se deve à falta de conhecimento por parte da comunidade a respeito da importância desse processo. Uma das preocupações é capacitar os ribeirinhos para estas atividades, esclarecendo professores e moradores locais sobre a importância da sustentabilidade, conservação da biodiversidade e o perigo de contaminação dos mananciais de água, tornando-os multiplicadores deste conhecimento.

No passado, esta região era rica em abelhas nativas, com destaque para uruçu-amarela (Melipona flavolineata). A carência da população levou e ainda leva à exploração predatória da espécie em busca do mel para a comercialização. Muitos ribeirinhos entram na mata em busca das colmeias e acabam as queimando para coletar o produto. Por conta dessa prática houve uma queda significativa do número de colmeias e, consequentemente, a diminuição da produtividade do açaí devido à falta de polinizadores.

Com a implantação da piscicultura e da meliponicultura, pretende-se mostrar a viabilidade destas atividades como fonte alternativa de renda para as comunidades ribeirinhas. O projeto contempla 15 famílias que fazem parte da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Furo Grande (Aprofug). A ideia é no futuro expandir um modelo de desenvolvimento para outras regiões insulares amazônicas, baseado no desenvolvimento sustentável, com respeito às comunidades tradicionais sem agredir o meio ambiente, gerando renda e qualidade de vida, além de estreitar a relação universidade-comunidade, com inclusão social.

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