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Ufes terá curso para professores indigenas

A Gazeta-Vitória-ES
Autor: Monica Luz
16 de Jun de 2001

Na próxima segunda-feira será apresentado no auditório do Centro Pedagógico da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) o projeto do curso de licenciatura para formação de professores dos povos indígenas tupiniquim e guarani. O curso de graduação para índios é o segundo do país – o primeiro, que ainda está em fase de organização, foi uma iniciativa de Mato Grosso – e deverá começar já no próximo ano.O curso diplomará 50 alunos – o número de vagas foi definido pela necessidade das comunidades –, e terá duração de seis anos. Nos três primeiros, farão o curso de Pedagogia – para ensinar nas séries iniciais – e nos três seguintes deverão optar por uma das quatro especializações oferecidas: Línguas, Matemática, Ciências Naturais ou Ciências Sociais, ficando aptos a ensinar da 5ª à 8ª séries.LiderançasTodas as reuniões realizadas pelos coordenadores do projeto tiveram a participação efetiva das lideranças indígenas das aldeias de Aracruz. As discussões foram feitas com base no que as comunidades querem, de forma a preservar a cultura e incentivar os costumes entre eles. "Para a nossa comunidade isso é muito bom. Estamos perdendo muito a característica de índio. Queremos que nossa gente não tenha preconceito em dizer que é índio", desabafou o cacique José Sizenando, da aldeia tupiniquim de Caieiras Velha.O vice-cacique da aldeia guarani de Boa Esperança, Werá Kwaray (que quer dizer relâmpago com a cor do sol), concorda com o cacique Sizenando. "Nossas comunidades não têm representantes com nível superior. Com o curso superior, teremos gente capaz para nos representar politicamente e lutar por nossos direitos", frisou.O custo do projeto só será divulgado na segunda-feira. Deverão ser contratados professores que falem tupi e guarani – as aulas serão ministradas em português e nas línguas indígenas – e está prevista a distribuição de bolsas de estudos para os alunos. A ajuda de custo servirá para garantir o transporte e estadia dos alunos – as aulas acontecerão na Ufes e nas aldeias –, bem como a compra do material didático.O curso, conforme a coordenadora do projeto e professora da Ufes, Edvandra Mugrabi, é resultado de um trabalho que já vinha sendo feito desde 1996. "Foram formados 35 professores indígenas, em nível de 2o grau. Em função disso o Espírito Santo foi o primeiro estado brasileiro a realizar concurso público para o cargo de professor indígena, criado pelo Governo federal. Agora vamos por em prática o curso superior, levando em conta a cultura e a língua das comunidades".

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