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Tuxaua do Contão faz revelações graves contra estrangeiros

Brasil Norte-Boa Vista-RR
22 de Jan de 2004

Jacir de Souza vai depor no próximo dia 29 e garante que fará revelação de muitos fatos que a Policia Federal desconhece

Na foto, o presidente do CIR, Jacir de Souza, com o padre Jorge(camisa vermelha) recebendo troféu de ONGs estrangeira

O tuxaua do Contão, Genival Costa da Silva, confirmou que seu depoimento na Policia Federal está marcado para o dia 29 próximo. Ele garante que tem muita coisa para falar aos federais sobre o interesse da igreja católica Conselho Indígena de Roraima (CIR) e das ONGs sobre a questão da demarcação da Raposa/Serra do Sol.

Genival garante que vai mostrar na Policia Federal como é estruturada a Missão Surumu, com tudo o que existe de mais moderno em tecnologia e computação e porque a igreja tem tanto interesse na demarcação desta reserva.

Ele vai ser ouvido na Polícia Federal sobre o seqüestro de três missionários da Missão Surumu, no último dia 06.
O tuxaua Genival Costa disse que a prefeita de Uiramutã, Florany Mota não participou em nenhum momento do que ele chamou de "apreensão" dos missionários. "A decisão foi nossa, mais 15 lideranças da região da Raposa Serra do Sol, de apreender os religiosos, todos estrangeiros", disse ele.

Plano de Invasão
Pela primeira vez desde que houve a invasão a Missão Surumu, o tuxaua contou como foi planejado a invasão. Ele disse que no dia 06, desde cedo as lideranças se reuniram na Maloca do Contão, e por volta das 3 horas da madrugada, eles saíram para a Missão. Não houve participação de arrozeiros e políticos como está pregando o CIR e a igreja católica. Saímos em um caminhão ¾ da comunidade e outra parte em um ônibus, também da comunidade. Chegamos lá por volta das 4 horas, e começamos abrir os quatros atrás apenas dos religiosos estrangeiros.

O tempo todo nós dizíamos para os estudantes que estavam lá, que ficassem tranqüilos, pois estavam atrás dos estrangeiros. Nunca houve saque, ou qualquer tipo de violência, como o CIR está espalhando. Às 5 horas, nós saímos da Missão, nos mesmos veículos, e levando os estrangeiros, contou. Quando a noticia mentirosa de que nós, lideranças e indígenas estávamos bêbados, isso eu vou falar na Policia Federal, o que realmente aconteceu, porque nós temos provas, éramos mais de 150 indígenas. Vamos falar tudo que aconteceu lá, e que eu não vou dizer agora, mais vamos mostrar quem realmente está mentindo nessa história, disse Genival.

Para o tuxaua Genival, em nenhum momento houve seqüestro, e sim apreensão dos missionários.
"Não pedimos resgate, não maltratamos, não humilhamos ninguém. Pelo contrário, eles foram bem tratados, ficaram no posto médico, comeram bem, com direito a ventilador e tudo mais. Até entrevista na rádio um deles deu", continuou. O tuxaua desafiou o CIR, a igreja católica a provar que eles fizeram algum tipo de saque da Missão, como estão pregando com noticias falsas.

Funai
Sobre a atuação da Funai - Fundação Nacional do Índio - o tuxaua Genival disse que ela sempre foi omissa, trabalha apenas para as comunidades ligadas ao CIR e a igreja católica. Para Genival, a Funai não quer o plebiscito porque sabe que a maioria não quer a demarcação. "Eles dizem que a maioria e ligada ao CIR mas isso não é verdade. O plebiscito que queremos vai mostrar isso, por isso o medo deles", destacou.

O tuxaua disse que quando alguma comunidade indígena, que não e ligada ao CIR precisa da Funai, como um carro, por exemplo, a resposta e sempre a mesma, não tem. Porem, quando é para reunião no Maturuca, por exemplo, onde acontece as reunião do CIR, todos os veículos da Funai e Funasa vão para lá.

Diocese
O tuxaua do Contão denunciou que a área Raposa Serra do Sol foi feita uma grande fazenda da Diocese de Roraima, por isso eles querem a demarcação. "Todo o gado da Diocese de Roraima está na Raposa. Ele explicou como funciona. Segundo Genival, a Diocese deixa em uma comunidade indígena uma quantidade de gado, e os indígenas assinam um documento onde diz que, eles não podem matar para comer, vender ou trocar o gado. Se morrer algum, os indígenas têm que pagar. Depois de uns 5 anos, eles tiram o gado daquela comunidade, e levam para outra, deixando os indígenas sem nada. Isso é justo?", pergunta ele.

Um outro motivo apontado pelo tuxaua Genival do porque os padres e ong's quererem tanto a Raposa Serra do Sol e por causa do minério . Ele garante que a região e rica em vários minérios e um deles e o diamante. "Nós temos aqui tuxauas que trabalharam anos e anos garimpando diamante para os padres, e que nunca ganharam nada. Eles (os padres) sempre diziam que o diamante seria vendido para comprar gado para as comunidades e assim eles foram levando por anos e anos", disse. Para o tuxaua, a região poderia se chamar "Raposa/Serra dos Padres".

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