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Tuxaua ameaçado denúncia na PF e procurador acompanha o caso

Folha de Boa Vista-RR
25 de Mar de 2002

O tuxaua da comunidade do Anaro, Cícero João Peres, formalizou uma denúncia na Polícia Federal (PF) na presença do procurador da República Rômulo Conrado. Ele afirma que está sendo ameaçado de morte desde quando a Funai (Fundação Nacional do Índio) iniciou o levantamento da maloca do Anaro, em Amajari, para seja demarcada e homologada.
Ele garante que ameaça vem de alguns fazendeiros e que um índio recebeu convite para matá-lo por R$ 5 mil. "Um homem que anda numa moto sem placa vive atrás de mim. Ele até sabe quais são as minhas roupas", contou, ao dizer esse homem se apresenta de várias formas, sendo algumas vezes de barba e cabeludo.
Peres disse que por conta disso já mudou o itinerário dele. "Não ando mais pela estrada que era acostumado porque estou com medo. Para ir a cidade dou uma grande volta. Os fazendeiros só falam que fui quem pediu a demarcação, mas foi toda a comunidade", disse.
O tuxaua disse que é a quarta vez que denuncia o mesmo fato à PF e que nenhuma providência foi tomada. "Não quero ficar recebendo ameaças. Queria pelo menos que a Polícia Federal chamasse para depor a pessoa de quem suspeito para que ele assinasse um documento se responsabilizando pela minha vida", ressaltou.
MPF - A procuradora Deborah Duprat disse que o Ministério Público tem a obrigação de zelar pela segurança física do tuxaua e da comunidade. "Se a comunidade está ameaçada é obrigação do MPF investigar para que haja alguma proteção do Estado", disse.
Ela afirmou que o MPF já está tomando as providências, pois o procurador Rômulo Conrado foi até o delegado da Polícia Federal para verificar o andamento dos outros inquéritos.
"Para saber se as pessoas diretamente relacionadas como supostas autoras dessas ameaças estão sendo ouvidas e o que a Polícia Federal efetivamente vai fazer no sentido de garantir essa proteção", explicou, ao ressaltar que quando a Constituição determina proteção das terras, inclui a segurança dos que nela vivem.
A coordenadora Ella Castilho aproveitou para salientar que o procurador Rômulo Conrado vai reforçar o quadro do MPF dando uma atenção maior às questões indígenas

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