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Tupinikim e Guarani iniciam ocupação da Terra Indígena invadida pela Aracruz Celulose

Rede Alerta Contra o Deserto Verde-Vitória-ES
01 de Jun de 2005

Nem o mau tempo parou os Tupinikim e Guarani. Ontem, cerca de 200 indígenas
das sete aldeias do Espírito Santo realizaram um corte de eucalipto dentro
da área de 11.009 hectares de terras indígenas, atualmente nas mãos da
Aracruz Celulose, para iniciar uma primeira ocupação da área reivindicada.
Estes 11.009 hectares já foram identificados pela FUNAI e reconhecidos como
terras indígenas pelo ex-Ministro da Justiça Íris Rezende mas, de forma
inconstitucional, ficaram fora das portarias de demarcação editadas por
Rezende em 1998.

A ocupação se realizou no local da antiga aldeia Tupinikim Araribá, extinta
com a chegada da Aracruz Celulose e sua monocultura de eucalipto. Neste
local, no meio da floresta, viviam dezenas de famílias indígenas, bem como
em aldeias vizinhas como Olho d´Água, Cantagalo e Macacos. Esta ocupação
acontece nove dias depois de concluída a auto-demarcação da área, ação da
qual participaram 500 indígenas de todas as aldeias durante cinco dias.
Hoje, apesar do mau tempo, continuam os trabalhos de corte e construção de
duas cabanas para o alojamento das famílias que permanecerão no local. No
lugar dos eucaliptos cortados, serão plantados alimentos e árvores nativas.

Até meados de junho, o atual ministro da justiça Márcio Thomaz Bastos terá
que se pronunciar sobre uma recomendação feita pelo Ministério Público
Federal para editar uma nova portaria de demarcação que inclua os 11.009
hectares não demarcados em 1998. O Presidente da FUNAI, Mércio Pereira
Gomes, que recebeu os caciques indígenas na semana passada, prometeu
conversar esta semana com o Ministro da Justiça, solicitando a ele que
edite uma nova portaria que reconheça o direito dos Tupinikim e Guarani
sobre a área.

Nesta quinta-feira, acontecerá em Vitória uma Marcha em favor da demarcação
das terras Tupinikim e Guarani. A partir da Praça do Papa, os indígenas,
junto com a população capixaba, realizarão uma caminhada até o centro da
cidade. Este momento será também a abertura do IV Encontro Nacional da Rede
Alerta contra o Deserto Verde, rede que congrega comunidades impactadas
pelas monoculturas de eucalipto e pinus de Minas Gerais, Espírito Santo,
Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

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