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Tupinambás reclamam a devolução de seu território

A Tarde
25 de Set de 2006

Os tupinambás que perderam suas terras sobrevivem, em grande parte, trabalhando para fazendeiros, mas nunca desistiram de reaver o território.

Desde 2003 eles conseguiram ser reconhecidos como etnia, pela Funai, mas segundo a cacique Valdelice Amaral, o martírio de sua gente continua na fome, na falta de terras para trabalhar, na ausência de políticas públicas diferenciadas de educação, saúde, moradia e transporte.

Segundo a cacique, a lembrança do genocídio ocorrido em 1937, não apenas serve para homenagear os antepassados como para reafirmar a luta pela demarcação das terras tubinambás, que vão desde a Praia do Cururupe até o limite com a Reserva Biológica de Una, na área litorânea, incluindo a Serra do Padeiro, em Buerarema, na parte continental.

DEMARCAÇÃO – O território já tem levantamento fundiário, feito pelo antropólogo da Funai, Jorge Luís de Paula, e Suzane Viegas, da universidade de Coimbra (Portugal). Os tupinambás cobram da Funai a publicação do relatório, para que todos saibam o limite do seu território. Eles querem ainda uma reunião com a Justiça, Ministério Público e Advocacia Geral da União para discutir o interesse da Funai na compra das terras, que hoje estão distribuídas em seis fazendas.

Segundo o presidente da Associação Cultural e Ambientalista dos Índios Tupinambás de Olivença, Cláudio Magalhães, é preciso ampliar a estrutura da Funasa, para melhorar o atendimento na saúde. São três mil índios atendidos por apenas uma equipe do Programa de Saúde da Família, sem contar outros 1.500 que estão fora da aldeia, morando nos bairros Teotônio Vilela, Nelson Costa e Nossa Senhora da Vitória, periferia de Ilhéus. O atendimento é feito em locais improvisados e faltam medicamentos, especialmente os de uso contínuo para diabéticos e hipertensos.

DESMATAMENTO – Os índios conseguiram uma escola com oito salas, para atender 800 alunos em três turnos, na Aldeia da Sapucaeira, mas falta capacitação para professores indígenas. Falta também pessoal administrativo, por isso a escola, que foi inaugurada em julho passado, só está funcionando com duas salas de aula. Além disso, querem concurso público, porque os atuais professores trabalham para o Estado por contratos temporários. As lideranças indígenas acusam os fazendeiros de agravar o desmatamento da região, com a construção de pastagens para valorizar as propriedades.

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